Quem foi o professor Rivail?
– Orson Peter Carrara
A
pergunta surgiu espontânea naquele pequeno grupo há pouco tempo formado. Ela
assustou o visitante, que não imaginava uma informação histórica tão importante
fosse ignorada pelo grupo todo, pois que os demais não souberam também
responder.
A
ocorrência, contada por uma amiga, chamou-me a atenção. Percebi outro ângulo de
abordagem também necessária e sempre oportuna. Vamos, então, a uma abordagem
rápida e compacta.
Muitos já ouviram falar, outros talvez
ignorem totalmente, mas a verdade é que a personalidade cujo aniversário é
comemorado na primeira semana de outubro ainda é um ilustre desconhecido.
Imaginam que ele foi algum místico, líder religioso ou algo parecido. Chegam a
pensar que fundou alguma religião e muitas vezes o desprezam completamente,
justamente por desconhecê-lo. Na verdade, ele foi respeitado professor em sua
época.
Homem
de princípios rígidos, educado em famoso instituto educacional da Suíça,
observador atento que buscava razões para fatos e acontecimentos, criterioso
pesquisador e comportamento avesso a práticas místicas ou fantasiosas. Ao mesmo
tempo, porém, personalidade bondosa que chegou a fundar cursos gratuitos para
pessoas carentes. Publicou inúmeros livros em sua área profissional, que foram
inclusive adotados pelo governo, e tornou-se respeitável figura da sociedade de
sua época.
Casado e sem filhos, aos cinquenta anos foi levado por amigos
a observar estranhos fenômenos que se tornavam moda na França.
Incrédulo a princípio, aplicou os métodos que usava como sério
pesquisador e através da observação e da experimentação, concluiu pela
existência dos espíritos como agentes dos estranhos fenômenos. Dedicou-se a
estudar tais fenômenos, percebendo neles um mundo novo que se abria aos
horizontes humanos, com a constatação plena da imortalidade da alma após a
morte do corpo e a possibilidade do intercâmbio entre os chamados mortos com os
chamados vivos através da mediunidade. Revelações antes já anunciadas por Jesus
e ora estudadas com a profundidade que o assunto merece.
De posse de informações e pesquisas, colhidas de
manifestações recebidas em diversos lugares do mundo, simultaneamente e por
pessoas desconhecidas entre si, além do trabalho pessoal dele próprio nesse
campo de pesquisa, publicou a obra O
Livro dos Espíritos, obra basilar da Codificação Espírita, que surgiu em
Paris, França, no dia 18 de abril de 1857. A partir daí, publicou outras obras
que se seguiram, fundou uma revista que funcionava como verdadeiro laboratório
de pesquisas, fundou ainda uma sociedade para reunir os interessados em estudar
e pesquisar os mesmos assuntos e tornou-se o Codificador (organizador) do
Espiritismo, ou seja aquele que organizou os ensinos trazidos pelos espíritos.
Poliglota, homem dotado de muita cultura, e essencialmente um
pesquisador, Hippolyte Leon Denizard Rivail nasceu em Lion, na França, no dia 3
de outubro de 1804 (data que ora lembramos) e ao publicar as obras da Codificação
Espírita, adotou o pseudônimo de Allan Kardec, como a dizer que aqueles não
eram livros de sua autoria, mas fruto dos ensinos dos espíritos, que ele,
Rivail, apenas fora o instrumento para organizar e coordenar os assuntos e
dar-lhes publicidade. Não foi médium, líder religioso, místico ou qualquer
outro título que lhe queiram dar. Apenas um respeitado cidadão francês, de
muita cultura e personalidade firme e bondosa, que defrontado com estranhos
fenômenos, dedicou-se a pesquisá-los, vencendo inicialmente as barreiras da
própria incredulidade, mas sabedor de que ali se encontrava a resposta para as
angustias humanas. Esta é a personalidade ímpar de Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo.
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