terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O AMOR QUE PRESENTEIA - Richard Simonetti

Informa o evangelista Mateus (2:1) que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. A tradição evangélica o situa como reis e os nomeia Belchior, Baltazar e Gaspar.

Guiados por uma estrela, vinham homenagear o mensageiro divino, que chegara pela porta da humildade, nascendo numa estrebaria. Iniciava a jornada ensinando que o caminho para Deus passa, necessariamente, pela simplicidade e o despojamento das vaidades humanas.

Traziam presentes: ouro, incenso e mirra.

Três símbolos: O ouro, a realeza de Jesus. O incenso, sua elevada espiritualidade. A mirra (usada para embalsamar cadáveres), o sacrifício da própria vida, a fim de nos mostrar os caminhos para Deus.

A iniciativa foi a base para que se estabelecesse, nos séculos que se sucederam ao advento do Cristianismo, a tradição de presentear no Natal. Infelizmente, desvirtuada pelos interesses comerciais, transformou-se em obrigação.

Não oferecer os indefectíveis mimos aos familiares é quase uma ofensa. Ninguém se sente feliz se não recebê-los, particularmente as crianças. O ideal seria lembrar o aniversariante. Se a missão de Jesus foi nos ensinar os caminhos do Amor, que tal, amigo leitor, oferecer-lhe três amorosos presentes, à semelhança dos magos, envolvendo empenho por seguir-lhe os passos?

O primeiro presente de amor: o bom ânimo. Evangelho significa boa nova. É maravilhosa a notícia transmitida por Jesus!

Deus, o Criador, o Senhor todo poderoso, é nosso pai de infinito amor e misericórdia, a trabalhar, incessantemente, pela felicidade de seus filhos. Com um paizão assim não há por que ter medos, dúvidas, angústias, tormentos...

Estamos desempregados? Deus nos ajudará a encontrar uma ocupação com que prover a subsistência.

Trazemos o coração partido pelo relacionamento afetivo que não deu certo? Se juntarmos os pedaços, dispostos a seguir em frente, Deus o restaurará com perfeição, sem marcas.

Estamos doentes? Conscientes da proteção divina enfrentaremos com serenidade o mal, reconhecendo as funções educativas da enfermidade, que depura e sensibiliza a alma.

Mesmo ante as perspectivas de constrangimentos dolorosos, impostos pela Vida, no desdobramento de nossas provações, o bom ânimo é valioso testemunho de confiança em nosso Pai Celeste. É tão estranho alguém que acredita em Deus estar na fossa, quanto se dizer torturado pela sede alguém a nadar num lago de águas cristalinas.

O segundo presente de amor: o bom humor.

Exprime-se na capacidade de cultivar o sorriso, mesmo em situações difíceis. Melhor se consegue rir de si mesmo. Quem o faz jamais será infeliz.

Um homem dotado dessa virtude enfrentou grave problema circulatório. Teve que amputar uma perna. Tempos depois, nova complicação. Foi-se a outra perna. Os familiares ficaram preocupados. Naquela situação constrangedora certamente ficaria pra baixo. Viram logo que infundados eram seus temores. Tão logo passou a anestesia e despertou, virou-se para o médico:

– Doutor, estou preocupado!

– Diga o que é. Estou aqui para ajudá-lo.

– Ah! Doutor, receio que nada poderá fazer.

– É tão grave assim?

– Muito! É que agora, sem as duas pernas, não sei em que pé ficou a situação!

Pessoas assim, dispostas a rir de si mesmas, da própria adversidade, jamais serão infelizes.

Jesus geralmente é apresentado com expressão compungida, torturada, sofredor nato. Nada mais equivocado. O bom humor é uma característica do espírito superior. Os Evangelistas, sempre sucintos nas narrativas, não desciam aos detalhes, imprimindo a alguns episódios uma solenidade que certamente não existiu.

Certa feita (Lucas, 9:51-56), transitando pela Samaria, o grupo não encontrou ninguém disposto a oferecer pousada. Imediatamente João e Tiago, chamados irmãos boanerges, filhos do trovão, por seu caráter impulsivo, perguntaram a Jesus se não poderiam evocar o fogo do céu, para queimar aqueles infiéis.

Que tipo de reação poderia ter Jesus, diante de tal disparate?

Certamente, deu boas risadas, antes de advertir, sorridente:

– Gente, que é isso! Vim para salvar os homens, não para queimá-los!

Noutra oportunidade (Mateus, 14:25-31), os discípulos atravessavam de barco, à noite, o Tiberíades. Em dado momento viram um vulto que se aproximava, deslizando sobre as águas.

Um fantasma! Ficaram apavorados.

Logo viram que era Jesus. Certamente o Mestre sorriu, ante o medo dos companheiros. Simão Pedro, afoitamente, dispôs-se a ir ao seu encontro.

– Vem, Simão.

E ele foi, deu alguns passos, vacilou e começou a afundar.

– Senhor, salva-me!.

Jesus deu-lhe a mão e o sustentou, rindo, sem dúvida.

– Ah! homem de pouca fé!

O terceiro presente de amor: a boa vontade.

Trata-se da vontade de ser bom, o empenho por fazer algo em favor do próximo. É fundamental! Segundo os anjos, que fizeram a proclamação celeste no nascimento de Jesus (Lucas, 2:14), somente com seu exercício haverá paz entre os homens.

Jesus foi a personificação da boa vontade, a começar pelo doloroso mergulho na carne. Governador de nosso planeta, Espírito puro e perfeito, poderia guardar-se nas alturas, enviando um embaixador. No entanto, fez questão de comparecer pessoalmente, submetendo-se a imensos sacrifícios.

Após uma existência de dedicação ao Bem, pregado no madeiro da infâmia, cercado de impropérios, continuou a exercitar a boa vontade, pedindo a Deus que perdoasse a todos. Não sabiam o que estavam fazendo.

Depois voltou, materializando-se diante do atônito colégio apostólico. Tinha muito a reclamar dos companheiros. Um deles o traíra, outro o negara três vezes, e todos haviam fugido no momento extremo, vergonhosamente. Mas o Mestre não tocou no assunto. Limitou-se a saudá-los como nos dias venturosos do passado, convocando-os à gloriosa tarefa de disseminação de seus princípios.

Exercitou, como sempre, a boa vontade.

Que sejam muito felizes seus Natais, amigo leitor.

Sempre plenos de bênçãos e também de reflexões em torno do bom ânimo, do bom humor e da boa vontade, três presentes que Jesus muito apreciará, oferecidos com amor.

Com nossas dádivas estaremos contribuindo pela edificação de um Mundo melhor.

Se o fizermos, certamente estaremos nele, desde agora!
 

terça-feira, 2 de dezembro de 2014



UM NATAL DECENTE - Richard Simonetti

Dizia um confrade:

– Não sinto prazer em festejar o Natal nas tradicionais reuniões familiares, mesa farta, tendo consciência de que há na periferia milhares de irmãos nossos passando fome.

E só conseguia tranquilizar a consciência depois de realizar ampla campanha, arrecadando recursos para distribuir dezenas de cestas básicas na periferia. Pelo menos as famílias carentes que viesse a beneficiar teriam, segundo sua expressão, um Natal decente.

Se levássemos essa concepção às últimas consequências, teríamos que optar por uma, dentre duas situações extremas:

Jejum coletivo. Ninguém festejaria o Natal com comes e bebes. Se não é possível mesa farta a todos, que ninguém a desfrute. 

Abençoado dividir o pão. A nenhuma família carente faltaria a cesta básica de Natal, sob a égide da solidariedade. 

Na atual conjuntura, neste Mundo orientado pelo egoísmo e o apego à posse, nenhuma dessas possibilidades será observada em plenitude. Raros renunciariam ao repasto natalino. Raros trabalhariam por estendê-lo a todos.

Bem, leitor amigo, que tal se cogitássemos de uma situação intermediária, como faz o nosso confrade? Se não podemos beneficiar todas as famílias carentes, por que não atender o maior número possível, somando esforços e recursos? 

Há uma excelente iniciativa nesse particular: a Campanha da Cesta Básica do Natal.

A fórmula é simplíssima e pode ser aplicada por qualquer instituição interessada em estimular o Natal Decente. Efetua-se um levantamento de preços para a composição da cesta, envolvendo gêneros de primeira necessidade e artigos natalinos como o infalível panetone e as uvas-passas.

Fixado o valor, inicia-se a arrecadação no início de dezembro. É aberta uma lista de doações e solicita-se algo muito especial aos participantes: que não sejam meros contribuintes, mas multiplicadores. 

Que se empenhem em sensibilizar amigos, familiares, colegas de trabalho e vizinhos, convidando-os a colaborar. Cartazes são afixados em local apropriado, no Centro, e folhetos são distribuídos. Os palestrantes contam histórias edificantes que enfatizam o significado do Natal, como um apelo à solidariedade.

Destaque para o aniversariante, que renunciou às paragens celestiais e mergulhou na carne para nos ensinar a alegria de servir.

Na segunda quinzena de dezembro, após a apuração dos resultados, centenas de cestas serão distribuídas pelos próprios voluntários.

Como pode observar, amigo leitor, a iniciativa não exige nenhuma sofisticação e tem a vantagem de ser disparada no final do ano. É um período mágico. A manjedoura sensibiliza os corações para o exercício da fraternidade.

A Campanha da Cesta Básica do Natal pede apenas o que exaltam os anjos, na proclamação celeste: Glória a Deus nas alturas, paz na Terra aos homens de boa vontade.

Com boa vontade haveremos de realizar nossa ceia e confraternizar com os familiares, guardando a tranquilidade em nossos corações.

É aquela boa paz que nos felicita quando cumprimos nosso dever como cristãos, proporcionando aos irmãos em penúria algo do que pretendemos para nós, a começar pela bênção de um Natal Decente.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

COMO FILHOS DE DEUS  - Richard Simonetti

Toda tarde aquela senhora pobre, de firmes princípios religiosos, fazia suas orações na varanda de sua modesta vivenda. 

Ao terminar falava alto, em exaltação da fé:

– Deus seja louvado!

Invariavelmente, um vizinho, ateu de carteirinha, proclamava alto para ela ouvir:

– Deus não existe!

Certa vez, ela pediu:

– Senhor, minha despensa está vazia. Por misericórdia, envie-me alimentos.

Na manhã seguinte, encontrou farta cesta básica na entrada de sua casa. Emocionada, proclamou:

– Deus seja louvado! Obrigada, Senhor, pela dádiva!

– Bobagem! – gritou o vizinho. – Não há nenhum Deus. Fui eu quem comprou a cesta básica para você.

– Deus seja louvado! – repetiu ela. 

E completou: 

– O Senhor não apenas enviou-me mantimentos, como fez o diabo pagar por eles!

Esta história lembra outra, relatada em meu livro Uma Razão para Viver:



Montado em seu belo cavalo, o rico fazendeiro diri­gia-se à cidade, como fazia frequentemente, a fim de cui­dar de seus negócios. Nunca prestara atenção àquela casa humilde, quase escondida num desvio, à margem da es­trada. Naquele dia experimentou insistente curiosidade. Quem morava ali?

Cedendo ao impulso, aproximou-se. Contornou a residência e, sem desmontar, olhando por uma janela aberta, viu uma garotinha de aproximadamente dez anos, ajoelhada, mãos postas, olhos lacrimejantes...

– Que faz você aí, minha filha?

– Estou orando à Virgem Maria, pedindo socorro... Meu pai morreu, minha mãe está doente, meus quatro irmãos têm fome...

– Bobagem! O Céu não ajuda ninguém! Está muito distante... Temos que nos virar sozinhos!...

Embora irreverente e um tanto rude, era um ho­mem de bom coração. Compadeceu-se, tirou do bolso boa soma de dinheiro e o entregou à menina.

– Aí está! Vá comprar comida para os irmãos e remé­dio para a mamãe! E esqueça a oração!...

Isto feito, retornou à estrada. Antes de completar duzentos metros, decidiu verificar se sua orientação esta­va sendo observada. Para sua surpresa, a pequena devota continuava de joelhos.

– Ora essa, menina! Por que não vai fazer o que reco­mendei? Não lhe expliquei que não adianta pedir?

E ela, feliz:

– Estou apenas agradecendo. Pedi ajuda à Virgem Maria e ela enviou o senhor!

Diz André Luiz que Deus atende às criaturas por intermédio das criaturas.

Quando oramos contritamente, apelo do coração, não mero exercício de palavras, nossa prece ultrapassa o teto da superficialidade e é ouvida por mentores espirituais que procuram nos atender, naturalmente observado o princípio do mérito e, em situações específicas, a condição da mão de obra.

Se for um pobre que precisa de alimento, um doente que precisa de determinado remédio, uma criança perdida que precisa ser encontrada, um homem em desespero pensando em suicidar-se, há necessidade de alguém bem sintonizado, disposto a ser o agente da ação espiritual.

E aqui não se trata meramente do religioso. Imperioso é encontrar alguém possuidor de religiosidade, virtude que não está subordinada à frequência às igrejas, e sim à disposição de servir.

Nas duas histórias foram dois ateus que serviram de intermediários ao esforço do Céu, porque talvez os religiosos estivessem muito ocupados com suas orações ou despreocupados da finalidade maior da religião: fazer ao semelhante o bem que gostaríamos nos fosse feito, como ensinava Jesus.

Diz o Mestre (Mateus 25:34-36):

… Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do Mundo.

Pois tive fome, e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, era forasteiro e me hospedastes, estava nu, e me vestistes, estive enfermo, e me visitastes, preso e fostes ver-me.


Observe, caro leitor: Jesus não se reporta aos religiosos, como usufrutuários das benesses divinas, e, sim, àqueles que atenderam seus irmãos em penúria, independentemente de acreditarem ou não em Deus.

Diga-se de passagem: 

Deus não está preocupado com nossa crença.

Espera apenas nos comportemos como Seus filhos.

sábado, 22 de novembro de 2014

REENCARNAÇÃO E PROFISSÃORichard Simonetti

1 – Todos reencarnamos com uma profissão definida?

Pode acontecer, mas nem sempre há margem para escolha. Se o Espírito reencarna entre camponeses, em distante rincão, dificilmente deixará de ser um trabalhador do campo. 

2 – Na vida urbana há mais opções?

Sim, mas levando-se em consideração as aquisições pretéritas. Seria pouco produtivo, por exemplo, vincular o reencarnante à cirurgia neurocerebral, área médica altamente especializada, se jamais foi discípulo de Hipócrates.

3 – A competência profissional teria algo a ver com reencarnações pretéritas?

Tendências inatas e habilidade para determinada atividade profissional revelam vivências passadas. O que fizemos com assiduidade no pretérito, faremos com desenvoltura no presente.

4 – Podemos dizer que o melhor profissional será sempre aquele vinculado a atividades que exercitou anteriormente?

É algo ponderável. Não obstante, mais importante que a habilidade conquistada no passado é o empenho do presente. O melhor profissional nem sempre é o mais experiente, mas o mais dedicado.

5 – Não seria produtivo que, além da dedicação, procurássemos nos vincular a atividades para as quais temos facilidade, em virtude das experiências do pretérito?

Em termos, considerando-se que a própria evolução da sociedade humana impõe novas opções. Isso ocorre particularmente na atualidade, em que o trabalho braçal vai sendo substituído pela tecnologia. Hoje somos chamados ao exercício da inteligência, em atividades ligadas à informática, a partir da revolução disparada pelos computadores. Isso tudo constitui novidade para nós.

6 – A genética tem algo a ver com a habilidade profissional?

Pode acontecer. Notamos que determinados profissionais possuem uma estrutura física adequada ao exercício de sua profissão. Grandes cirurgiões, por exemplo, têm um sistema nervoso bastante estável e grande habilidade manual, fundamentais à cirurgia.

7 – Isso seria determinado pelo acaso, na combinação dos elementos hereditários?

Deus não combina elementos hereditários como quem joga dados, mesmo porque a biologia é instrumento de Deus, não a sua limitação.

8 – Como Deus atua, biologicamente, para preparar o corpo de um cirurgião?

Técnicos da espiritualidade estudam os componentes genéticos dos pais e selecionam aqueles que melhor se ajustem às necessidades do reencarnante, dando-lhe uma estrutura física adequada à atividade que irá exercitar. 
SEM IDOLATRIA
Pelo Espírito Emmanuel. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Livro: O Espírito da Verdade. Lição nº 72. Página 166.

“Não vos façais, pois, idólatras”... Paulo (I Coríntios, 10: 7)

Núcleos religiosos de todos os tempos e mesmo certas práticas, estranhas à religião, têm usado a Idolatria como tradição fundamental para manter sempre viva a chama da fé e o calor do ideal.

O hábito vinculou-se tão profundamente ao espírito popular que, em plena atualidade, nos arraiais do Espiritismo Cristão, a desfraldar a bandeira da fé raciocinada, às vezes, ainda encontramos criaturas tentando a substituição dos ídolos inertes pelos companheiros de carne e osso da experiência comum, quando chamados ao desempenho da responsabilidade mediúnica.

Urge, desse modo, compreendermos a impropriedade da idolatria de qualquer natureza, fugindo, entretanto, à iconoclastia e à violência, no cultivo do respeito e da compreensão diante das convicções alheias, de modo a servirmos na libertação mental dos outros na esfera do bom exemplo.

A advertência apostólica vem comprovar que a Doutrina Cristã, em sua pureza de fundamentos, surgiu no clima da Galiléia, dispensando a adoração indébita, em todas as circunstâncias, devendo-se exclusivamente à interferência humana os excedentes que lhe foram impostos ao exercício simples e natural.

Assim, proscreve de teu caminho qualquer prurido idolátrico em torno de objetos ou pessoas, reafirmando a própria emancipação das algemas seculares que vêm cerceando o intercâmbio das criaturas encarnadas com o reino do espírito, através da legítima confiança.

Recebemos hoje a incumbência de aplicar, na edificação do bem desinteressado, o tempo e a energia que desperdiçávamos, outrora, à frente dos ídolos mortos, de maneira a substancializarmos o ideal religioso, no progresso e na educação, prelibando as realidades da Vida Gloriosa.
CAVALO, QUARENTA E UM Richard Simonetti

Sonolento, mal desperto, o marido ouviu a mulher perguntar:

– Quarenta e um é cavalo?

– Não entendi…

– Quarenta e um é cavalo?

– Por que quer saber?

– Sonhei que um alazão me dizia: – Jogue no meu número, quarenta e um.

– É minha idade… Ando escoiceando?!

– Não, meu bem, pelo contrário. Você é um amor! Sonhei mesmo. Talvez seja um convite da sorte…

– Bobagem. Nem sei se quarenta e um é cavalo.

Horas depois, o casal está no posto de gasolina, ao lado do supermercado. Ela pergunta ao frentista:

– O senhor sabe que bicho é quarenta e um?

– Cavalo.

– Meu Deus! Tem certeza?!

– Absoluta. Sempre faço minha fezinha.

Tanque cheio: quarenta e um litros.

Número da nota fiscal: final quarenta e um!

Entram no mercado. Ele tropeça numa banca. Cai um tênis no chão. Tamanho: quarenta e um!

Pagam a conta: Quarenta e um reais!

Entreolham-se, excitados.

– Aqui tem coisa! – reconhece o marido.

– É a sorte, querido. Está acenando para nós. Não podemos deixar passar a oportunidade.

Procuram o bilheteiro que faz ponto no estacionamento do mercado.

– Queremos escolher um número.

– Não vai dar. Só tenho um bilhete.

– Qual o final?

– Quarenta e um.

Compraram o bilhete inteiro!

Era para resolver de pronto todos os problemas financeiros, garantindo futuro tranquilo. À tarde, cheios de expectativa, acompanharam o sorteio pelo rádio. Empolgados, ouviram o número do primeiro prêmio. Nem sombra do quarenta e um!

Passou longe!…

Assim como eles, centenas de visionários que sonharam com um bicho ou um número, acompanharam com a mesma expectativa o sorteio, e também se decepcionaram. Alguém ganhou, provavelmente comprando um bilhete de forma aleatória, do tipo “qualquer número serve”.

Concebem as pessoas que sonham com a sorte, que na extração de uma loteria possa haver a interferência de Espíritos, a seu favor.

Admitamos que o fizessem, por exercício de telecinesia do além, influindo no resultado. Imaginemos milhares de mentores a disputarem o prêmio, interessados em resolver os problemas financeiros de seus pupilos. Seria uma briga!

Ou será que submeteriam a um poder superior suas reivindicações, para decidir quem levaria a bolada?

Há quem suponha que o próprio Criador interfere.

Qual seria o divino critério? Merecimento, não é.

Há pilantras que ganham. Necessidade, também não.

Gente rica costuma ganhar, até porque compra mais bilhetes.

Com elementar exercício de bom senso, chegamos a uma conclusão óbvia, amigo leitor: Qualquer apostador poderá ganhar, atendendo ao fato de que alguém ficará com o prêmio, não por escolha ou determinação sobrenatural, mas conforme a velha lei das probabilidades.

Se esperamos pelos favores dos Espíritos ou de Deus, saibamos que eles nos ajudam, sim, e muito!

Consideremos, entretanto, que o fazem de forma peculiar:

Enviam-nos desafios e dificuldades, lutas e contratempos, o clima próprio para nos tirar da inércia a fim de conquistarmos um prêmio muito mais valioso:

Vencer nossas próprias limitações.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014


UM CURSO BÁSICO DE VIDARichard Simonetti

Conta-se que Licurgo foi convidado a falar sobre a educação. O grande legislador de Esparta aceitou, mas pediu um ano para preparar o material que iria apresentar. Por que um homem tão sábio ocuparia tanto tempo para compor simples exposição de ideias?

Exigência aceita, prazo cumprido, ei-lo diante da multidão que compareceu para ouvir-lhe os conceitos. Trazia duas gaiolas. Numa estavam dois cães; duas lebres na outra.

Sem nada dizer, tirou um animal de cada gaiola, soltando-os. Em instantes o cão estraçalhou a lebre. Libertou em seguida os restantes. O público estremeceu, antevendo nova cena de sangue.

Surpresa: o cão aproximou-se da lebre e brincou com ela. Esta correspondeu, sem nenhum temor, às suas iniciativas.

− Aí está senhores − esclareceu Licurgo − por que pedi prazo tão extenso, preparando esses animais. O melhor discurso é o exemplo. O que mostrei exemplifica o que pode a educação, que opera até mesmo o prodígio de promover a confraternização de dois seres visceral e instintivamente inimigos.

Harmonizar o cão e a lebre para uma convivência pacífica demandou doze meses. Quanto tempo levará o espírito humano para harmonizar-se com a Vida? Milênios, sem dúvida, mesmo porque o homem terrestre vive o estágio do sonambulismo existencial, alheio às questões fundamentais: quem é? De onde veio? O que faz no Mundo? Para onde vai?

Enredado na rotina, acomoda-se em perturbador imobilismo, gerando frequentes impasses evolutivos − um estacionamento na indiferença, prisioneiro de suas mazelas.

Isso ocorre particularmente no Plano Espiritual em regiões umbralinas, onde estagiam multidões inconsequentes e indisciplinadas, sem outra motivação que a de satisfazer seus impulsos egocêntricos. Por isso a reencarnação é tão importante.

A bênção do recomeço, sem lembranças do passado, ajudando o Espírito a eliminar paixões e fixações que precipitaram seus desvios.

Esse aprendizado é marcado por uma fase sabiamente programada por Deus − a infância, período em que o reencarnante situa-se receptivo aos estímulos que recebe, passíveis de influenciá-lo em favor da própria renovação.

Os pais assustam-se ao tomarem conhecimento do assunto. Afinal, eles próprios trazem suas perplexidades e limitações. Consideremos, entretanto, que o Criador não confiaria a paternidade a pessoas inabilitadas. Seu exercício implica muito mais em consciência do que competência.

Licurgo exemplificou com competência o que pode a educação.

Pais educam seus filhos com a simples consciência de que é preciso exemplificar. Tudo o que é virtuoso, bom, justo, honesto, verdadeiro, podemos ensinar-lhes com o simples empenho de guardar comportamento compatível.

Nesse contexto assusta saber que há multidões de crianças sob os cuidados de pessoas que não têm a mínima condição para dar-lhes educação adequada, por falta de recursos e, sobretudo, porque elas próprias são deseducadas.

Pior − há crianças que vivem nas ruas, sem família, sem amparo, sem orientação, à margem da sociedade.

Que benefício colhe o Espírito que transita pela infância em tal situação, colhendo, não raro, péssimas influências?

Não estaria melhor na espiritualidade?

Não seria conveniente aguardar um berço amigo?

Podemos responder lembrando que há ótimas escolas, bem equipadas, professores competentes, instalações excelentes... E há escolas que funcionam precariamente, com escassos recursos, corpo docente sem experiência...

Talvez fosse conveniente fechar estas últimas...

Ninguém dotado de bom senso cogitaria de semelhante iniciativa. Uma escola fraca é sempre melhor do que a ausência dela.

Assim, no educandário terrestre, ainda que o ambiente não seja o ideal, que os professores sejam falhos, que as condições deixem a desejar, o Espírito estará sendo submetido ao aprendizado da dor, aos estímulos impostos pelas necessidades físicas, às depurações da enfermidade e às limitações disciplinadoras da carne. Tudo isso faz da reencarnação, em qualquer circunstância, um curso básico de vida que lhe agitará a consciência, preparando-o para o despertar da responsabilidade.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Conhece a relação entre os teus dois olhos? Eles piscam juntos, movem-se juntos, choram juntos, vêem as coisas juntos e dormem juntos. Ainda que nunca, possam ver um ao outro. A amizade é assim!

COMO MANTER-SE JOVEM:

1. Elimine os números que não são essenciais. Isto inclui a idade , o peso e a altura.
2.Conserve só os amigos divertidos. Os depressivos jogam-no abaixo.
3. Aprenda sempre: sobre computadores, artes, jardinagem, o que quer que seja. Não deixe que o seu cérebro se torne preguiçoso. Mente preguiçosa é a oficina do Alemão. E o nome do Alemão é Alzheimer!
4. Aprecie as pequenas coisas.
5. Ria muitas vezes , durante muito tempo e muito alto. Ria até que lhe falte o ar.
6. Quando as lágrimas aparecerem, aguente, sofra e supere-as. A única pessoa que fica conosco toda a vida somos nós mesmos. VIVA enquanto estiver vivo.
7. Rodeie-se das coisas que ama: a família, os animais, as plantas, hobbies.
8. Cuide da sua saúde:
Se é boa, mantenha-a.
Se é instável, melhore-a.
Se não consegue melhorá-la, procure ajuda.
9. Diga às pessoas que ama que as ama, em cada oportunidade.

Se A VIDA É BELA POR QUE NÃO SORRIR SEMPRE?

terça-feira, 28 de outubro de 2014

DIÁLOGO - Richard Simonetti


Num restaurante, o casal bebericava. 

Ele, cerveja bem gelada.

Ela, suco de laranja natural.

Guardavam silêncio.

Não era aquela quietude tranquila, sem constrangimento, nascida da intimidade, mera pausa na conversação.

Situava-se como o silêncio de cônjuges que perderam o gosto pela conversa, relacionamento desgastado.

Em dado momento ele murmurou, carinhoso:

– Eu te amo!

Ela o contemplou atônita, surpreendida.

Há séculos o marido não lhe falava assim!

Seria efeito do álcool?

Exprimiu sua dúvida, perguntando:

– É você quem está falando ou a cerveja?

E ele:

– Estou falando com a cerveja.

Bem, caro leitor, não sei se ela quebrou a garrafa na cabeça do infeliz ou simplesmente procurou o advogado para pedir divórcio…

Não obstante, esse episódio sugere algumas ponderações sobre a vida conjugal.

Aprendemos com o Espiritismo que geralmente os casamentos são planejados na Espiritualidade pelos próprios cônjuges ou seus mentores.

Os objetivos são variados, mas basicamente atendem à necessidade de desfazer aversões ou consolidar afeições, decorrentes de relacionamentos passados, num empenho de harmonização, o que nem sempre acontece.

Na atualidade cresce sempre o número de divórcios, porque acabou a afeição ou recrudesceu a aversão.

Isso costuma acontecer mesmo entre os casais que permanecem juntos, dispostos a suportarem-se por amor aos filhos ou respeito à religião. 

Diz o espírita:

– Já que é meu compromisso cármico, carregarei essa cruz até o fim de nossos dias. Depois, na vida espiritual, será cada um por si! Praza aos céus não nos vejamos nunca mais! Quero esquecer que estivemos juntos!

Quem age assim provavelmente reencontrará o cônjuge em futura reencarnação. 

Viverão nova experiência em comum, porquanto não foi cumprida uma das finalidades básicas do matrimônio: a harmonização das almas, em convivência pacífica. 

Em favor desse objetivo há um recurso indispensável: o cultivo do diálogo, a disposição de conversar, trocar ideias, exercitar os miolos, abrir o coração…

Um homem culto e inteligente apaixonou-se por linda jovem. Sentindo-se correspondido, pretendeu pedi-la em casamento, porém não usou a fórmula tradicional:

– Você me daria a honra de ser minha esposa?

Disse-lhe, simplesmente:

– Você gostaria de passar os próximos quarenta anos a conversar comigo?

Eis a base do casamento perfeito: longa conversa, a estender-se vida afora.

Pode o tempo passar, a paixão esgotar-se, a beleza física desfazer-se, mas, se o diálogo permanece, o amor fica.

Um amigo dizia:

– Não ocorre o contrário? Cessa o diálogo porque o amor foi embora?

Está confundindo amor com paixão.

Se o casamento foi baseado na paixão, na atração física, o diálogo acaba quando se esgota o desejo.

Isso acontece frequentemente na atualidade, de liberdade sexual confundida com libertinagem, de namoros que começam no motel.

Diálogos frequentes, francos, abertos, aquele desvelar a alma, representam a poção mágica para uma união amigável e perfeita, com pleno entendimento entre os cônjuges.

Naturalmente, diálogos civilizados, de respeito mútuo, jamais resvalando para a lamentável pancadaria verbal, quando as pessoas põem-se a gritar e a ofender, conturbando a vida conjugal.

Diálogos bem-humorados, sinceros, amigos, de tal forma que sempre haverá assunto, e quando o marido disser eu te amo a esposa saberá que ele não está falando com a cerveja.

Recado ao prezado leitor: Este texto consta de meu novo livro Para Ganhar a Vida, publicado pela CEAC-Editora.

sábado, 18 de outubro de 2014

PALPITES - Richard Simonetti

Em modesta residência, na periferia, uma mulher, médium em transe, transmite a manifestação de um “guia” que atende a aflita jovem:

– Vim pedir-lhe ajuda. Sou casada há cinco anos. Te­nho dois filhos. Vivíamos relativamente bem, mas ulti­mamente nosso relacionamento é péssimo. Meu esposo anda muito nervoso. Brigamos com frequência. Noutro dia afirmou que se arrepende de ter constituído família. Creio que se envolveu com alguma aventureira...

– Minha filha – diz a entidade –, seu lar está ameaça­do. Vejo muitas vibrações de pessoas que não querem sua felicidade e há uma mulher seduzindo seu mari­do...

Seguem-se orientações relacionadas com defumações, velas, banhos de defesa, rezas... A jovem retira-se confiante. Suas suspeitas estavam confirmadas e receberia ajuda espiritual.

A médium prossegue no atendimento: um homem com crônica conjuntivite, o vendedor com dificuldade para colocar seus produtos, a mulher dominada pela de­pressão, a adolescente que brigou com o namorado...

Embora sejam atribulações diversificadas, aparen­temente, segundo a palavra do Espírito, parecem origi­nar-se de fontes comuns: inveja, perseguição, influência negativa, vingança...

Especialistas em atividades dessa natureza multi­plicam-se. Alguns chegam a fazer propaganda de seu tra­balho, em folhetos e anúncios classificados nos jornais, prometendo prodígios.

Assim como muita gente comparece ao Centro Espírita como se fora um hospital, há os que frequentam assiduamente esses “consultórios”, em prática tão antiga quanto o mundo. No tempo de Moisés era tão dissemi­nada e ocorriam tantos abusos que o eminente patriarca judeu decidiu proibir a evocação dos mortos.

Oportuno ressaltar que essas atividades nada têm a ver com o Espiritismo, nem são espíritas aqueles que as desenvolvem. Quando muito, se não mistificam, são médiuns, cumprindo fazer-se uma distinção entre mediunismo e a doutrina codificada por Allan Kardec:

Mediunismo é o intercâmbio com o Além. Pode ser exercitado por qualquer pessoa dotada de sensibilidade psíquica, independente de sua condição social ou reli­giosa. Há médiuns no seio de todas as classes sociais e re­ligiões.

O Espiritismo é uma filosofia existencial com bases científicas e consequências religiosas. O simples enun­ciado desse tríplice aspecto impõe uma atitude séria na sua apreciação e a disposição para o estudo e a análise de seus postulados, acima dos interesses imediatistas, para que possamos entender sua grandiosa mensagem.

Destaque-se o empenho a que somos convocados em favor de nossa própria renovação, sem o qual jamais se­remos espíritas autênticos, como deixa bem claro Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, ao afirmar: Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transfor­mação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.

Importante frisar sempre, embora possa parecer re­petitivo, que não devemos procurar os Espíritos para a solução de problemas que decorrem de nossas próprias mazelas. Sempre que comparecermos aos consultórios do Além estejamos conscientes de que dificilmente se­remos atendidos por mentores autênticos. Eles têm as­suntos mais importantes a tratar. Normalmente, os Espí­ritos que se dedicam a essa atividade, principalmente quando o médium cobra pelos seus favores, são orienta­dores sem orientação, que nada sabem das necessidades reais dos consulentes e que, para ganhar sua confiança, limitam-se a dizer o que eles querem ouvir:

A mulher desconfiada da fidelidade do marido será alertada de que há uma sedutora; quem não gosta dos vi­zinhos ouvirá que são invejosos e lhe desejam o mal; aquele que não se ajusta a empregos será informado de que sofre perseguições...

Sem a mínima condição para definir caminhos mais acertados, atuam como palpiteiros, sugerindo pro­vidências e tratamentos que até podem dar certo, como todo palpite, mas jamais resolvem em definitivo os pro­blemas de seus protegidos, tornando-os, não raro, mais complexos.

A propósito, vale lembrar a história daquele ho­mem viciado em pedir favores a um guia, em con­sultório nas imediações de sua residência, na mais es­treita dependência. Não dava um passo sem a ajuda do protetor, que estava mais para palpiteiro, orientando-o precariamente. Certo dia o protegido pediu amparo mais efetivo:

– O senhor precisa dar um jeito na minha situação. Cansei de ser pobre...

– O que quer que eu faça, meu filho?

– Quero ganhar uma bolada no jogo do bicho.

– É difícil...

– Mas sei que pode conseguir. Por favor... Preciso muito!...

O Espírito silenciou por alguns momentos, como quem consulta os alfarrábios do futuro. Depois recomendou:

– Está bem. Amanhã jogue no número 23.492.

O protegido, todo animado, reuniu seus haveres, vendeu o televisor e um jogo de sofás; emprestou bom dinheiro de amigos, apropriou-se do salário da filha mais velha e fez o jogo recomendado, considerando, em feliz expectativa, que jamais voltaria a passar por aperturas econômicas.

À tarde acompanhou, trêmulo, o sorteio pelo rádio. O locutor anunciava pausadamente os números sortea­dos. Quando chegou a vez do primeiro prêmio, onde re­pousavam suas esperanças, a tensão era enorme:

– Vinte e três mil...

– Meu Deus! Vai dar! Vai dar!...

– Quatrocentos e noventa e...

– Estou rico! Já ganhei!...

– ...três.

– Três? Está errado! É dois!

O locutor repetiu:

– Vinte e três mil, quatrocentos e noventa e três.

Pateticamente ele sacudia o rádio:

– Não é três, idiota! É dois! Dois!... Houve enga­no!...

Telefonou para a emissora. Não havia erro. Perdera por um algarismo, enterrando-se em dívidas e aperturas. Correu ao guia.

– Uma desgraça! Joguei o que não possuía e perdi! O que houve? O senhor recomendou 23.492. Deu 23.493.

O Espírito respondeu cheio de animação:

– Ah! Meu filho! Fico feliz. Quase acertamos! Talvez dê certo na próxima!

Fora apenas um palpite...

Nossa existência não pode ser orientada por palpi­tes. É preciso ter certezas. E a certeza fundamental foi enunciada por Jesus: O Reino de Deus está dentro de vós! (Lucas: 17-21).

O estado íntimo de serenidade, alegria e bom-ânimo, alicerces de uma felicidade legítima e duradoura, é uma construção pessoal, que devemos realizar com o es­forço por entender o que a Vida espera de nós.

Nesse particular a Doutrina Espírita tem muito a nos oferecer, se nos dispusermos a estudá-la buscando sua orientação objetiva e segura, sem recorrer a palpitei­ros. 

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Desceu do animal – Orson Peter Carrara
                A primeira atitude daquele homem foi descer do animal, um cavalo ou um camelo. Em sua caminhada encontrou aquele homem ferido, que havia sido desprezado por dois outros que ali passaram, conforme narra a conhecida Parábola do Bom Samaritano. Todo mundo conhece a parábola, nem é preciso narrar novamente. Seus personagens e desdobramentos são muito conhecidos e as lições morais daí decorrentes igualmente tocam o coração humano com lições incomparáveis.
                Deixemos, todavia, aquelas lições já conhecidas, divulgadas e disponíveis para quem deseja ampliar o assunto e conhecer mais.  Fixemo-nos na ocorrência da decisão do terceiro personagem, o bom samaritano, que encontrou o homem caído e ferido.
                Sua primeira atitude foi descer do animal que o transportava. Isso não se deve apenas ao fato da comodidade de estar mais próximo, mas mostra a postura de decisão, de humildade principalmente, ao aproximar-se do enfermo caído. Antes de qualquer outra iniciativa de apoio que se sucedeu, como conhecida, ele antes desce do animal, aproxima-se, verifica a necessidade, para depois, então, agir como exigia o momento.
                A ocorrência é repleta de ensinos. Ele sentiu a dor alheia, preocupou-se com a dificuldade, não se manteve no pedestal da facilidade de locomoção que se encontrava – o que naturalmente pode ser comparado com as facilidades do nome, do cargo, da posição social, entre outras circunstâncias –, que todos normalmente desfrutamos.
                Ao aproximar-se, providenciou o que era necessário, como conhecido. Antes, a indiferença dos outros dois personagens. Sua aproximação, contudo, mudou todo o quadro da história. Desceu do animal com a disposição de ajudar, de fazer-se presente no que era necessário, de levar adiante as providências que o momento exigia.
                As lições preciosas da citada parábola estão em todo o trecho. Desde o orgulho e a indiferença dos outros dois personagens e ganha destaque já a partir da decisão de socorrer o infeliz, quando, então, desce do animal.
                Sim! Precisamos observar atentamente este dado inicial da parábola. Também precisamos descer dos pedestais do orgulho, do egoísmo, da prepotência, da vaidade, da indiferença. Na verdade, trazemos conosco o dever de atenuar as agruras alheias. Fácil? Nem sempre! Muitos desafios se apresentam nessa decisão de auxiliar a quem precisa, mas é importante que não permaneçamos indiferentes, que façamos o que esteja ao nosso alcance.
                E esta decisão não se resume apenas no socorro à dificuldade alheia. Ela pode ser ampliada por meio da boa vontade e da disposição em ser útil. Também se encaixa perfeitamente em facilitarmos o andamento das providências e ocorrências do cotidiano. Seja no trato com um animal doméstico, com uma criança, com idosos, com outros adultos de nosso relacionamento, perante as providências diárias, na vida social, familiar ou profissional.
                Desçamos, pois, de nossas pretensões. Aproveitemos a bela lição para revermos nossos próprios comportamentos perante perspectivas da própria vida e principalmente perante as dificuldades alheias...                
JOVEM QUE CONSEGUE SAIR DO PRÓPRIO CORPO VIRA TEMA DE ESTUDO CIENTÍFICO

Depois de assistir a uma aula sobre experiências fora do corpo, uma aluna de psicologia da Universidade de Ottawa, no Canadá, conversou com pesquisadores e contou que ela costumava induzir esse processo voluntariamente, em geral, antes de dormir.

Impressionados com o caso, os pesquisadores Andra M. Smith e Claude Messier resolveram estudar a jovem, que ficou impressionada ao perceber que nem todas as pessoas eram capazes de experienciar o mesmo. Os resultados e as descobertas dos neurologistas foram publicados no periódico Frontiers in Human Neuroscience.

A jovem relatou que esse tipo de experiência é comum para ela, que começou a sair do corpo voluntariamente quando era criança. Eventualmente, ela ficava entediada com a “hora do sono” que tinha na escola e, em vez de dormir, ela conta que ficava se movendo acima do seu corpo.

Hoje, a jovem tem 24 anos e relata que continuou com a prática conforme foi crescendo, imaginando que se tratava de uma coisa que todo mundo conseguia fazer. De acordo com o estudo, foi assim que ela descreveu suas experiências: “Ela podia se ver rolando no ar acima do seu corpo deitado e girando no plano horizontal. Ela afirmou assistir a si mesma se movendo acima, mas consciente do estado imóvel do seu corpo ‘real’. A participante não reportou nenhuma emoção relacionada à experiência”.

Os cientistas ressaltam que essa é a primeira pessoa a ser estudada que tem a capacidade de induzir esse tipo de atividade e sem apresentar qualquer alteração cerebral. Para entender melhor o que acontecia no cérebro da estudante durante a experiência extracorpórea, ressonâncias magnéticas foram realizadas. Os pesquisadores notaram que durante o processo ocorria a desativação do córtex visual e a ativação de diferentes áreas do lado esquerdo, que estão associadas à cinestesia, como as representações mentais dos movimentos do corpo.

A partir dessas descobertas, os pesquisadores acreditam que existe a possibilidade desse fenômeno ser mais comum do que se imagina, mas as pessoas não relatam por acharem que não é nada de excepcional. Ainda, tudo indica que a habilidade está presente na infância, mas pode se perder com o passar do tempo se não houver uma prática regular.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Fotos: ANTONIO DE MELLO


 preparativos.



 autógrafos.




 autógrafo
 Sidney e s. José
  autógrafo
 abertura da palestra com a diretora do CEAK
 público



 Presidente da USE - abertura da palestra
 palestra

 apresentação dos livros de autoria de Sidney.


 palestra


 confraternização com o público e venda de livros


PACIÊNCIA-Richard Simonetti

A senhora reclamava:

– Pois é, Chico, todos me dizem para ter paciência, paciência com isso, paciência com aquilo… Estou cansada de ser paciente!

E Chico:

– Minha irmã, a paciência é um remédio que precisamos tomar todos os dias, de preferência em jejum, pela manhã, mesmo que nos pareça não precisarmos dele.

***

As virtudes evangélicas são decantadas como deveres do cristão para a edificação de um Mundo melhor.

E também como valioso investimento de bênçãos em favor de um futuro glorioso, quando aprouver ao Senhor convocar-nos para o “outro lado”. 

Geralmente os fiéis não costumam envolver-se muito com o assunto. O esforço em favor do próximo é desencorajado pelo egoísmo. E quanto às benesses do amanhã, na vida espiritual, são sempre encaradas como algo remoto…

A questão muda de figura quando cogitamos das virtudes evangélicas como exercício indispensável ao nosso equilíbrio e bem-estar.

Exemplo está na paciência, recomendada por Chico.

Para um entendimento sobre o assunto, lembremos um mal disseminado na Humanidade – os diabetes.

Trata-se de um distúrbio endocrinológico provocado por uma paralisação do pâncreas, que deixa de produzir insulina, hormônio indispensável ao metabolismo dos carboidratos, no sangue.

O paciente fica na obrigatoriedade de tomar insulina sintética pela vida toda, sob pena de sofrer sérios problemas de saúde.

Algo semelhante ocorre em relação à paciência, hormônio espiritual que garante nossa estabilidade física e psíquica.

Somos carentes de paciência. 

Resultado: irritação, intranquilidade, tensão, ansiedade, que produzem estragos, complicando relacionamentos, gerando desentendimentos e desajustando o corpo e o Espírito, com o que acabamos abreviando a jornada humana.
***

Uma senhora comemorava os cem anos de existência, rodeada de filhos, netos, bisnetos, tataranetos...

E se tentava definir a origem de sua longevidade.

Uma neta matou a charada:

– Vovó tem uma paciência de Jó. Nunca se aborrece, nem se exalta. Não cultiva rancores, nem ressentimentos. Está sempre tranquila.

Certamente sua alma, após milenares experiências, aprimorou os mecanismos de produção natural da paciência.

Para nós outros, carentes desse hormônio da alma, é preciso, como ensina Chico, tomar doses de paciência diariamente, com o cultivo da reflexão, injetando-a em nossas veias espirituais. 

Anime-nos o fato de que estaremos cumprindo nossos deveres para com o próximo, preparando um futuro melhor habilitando-nos a aproveitar integralmente as oportunidades de edificação que Deus nos concede na experiência reencarnatória.

Vale lembrar que, conforme relata o texto Bíblico, Jó foi um homem muito rico, pai de muitos filhos, senhor de muitas propriedades. 

Tudo lhe foi tirado por artimanhas de satanás, que queria provar a Deus que ele perderia a paciência. 

Não conseguiu seu intento. 

Jó, doente e pobre, sem filhos e sem propriedades, reduzido à mais abjeta condição, ainda assim sustentou sua proverbial paciência, pronunciando a frase célebre (Jó, 1:21):

– O Senhor o deu e o Senhor o tomou, bendito seja o seu nome!

E o Senhor o premiou, restituindo-lhe todos os bens, proporcionando-lhe bênçãos de nova paternidade. 

Teve mais filhos, ficou mais rico.

E viveu ainda cento e quarenta e oito anos!

Por isso, leitor amigo, se cultivar a paciência, essa mesma virtude com a qual chegou até aqui, nestas mal traçadas linhas, certamente não viverá tanto tempo como Jó, conforme fantasiou o autor do texto bíblico, mas, sem dúvida, viverá integralmente o tempo que o Senhor lhe concedeu para a experiência humana.    


terça-feira, 14 de outubro de 2014


Você Tem

Quando alguém o busca com frio, é porque você tem o cobertor.
Se a tristeza empurra alguém para perto de você, é porque você tem o sorriso.
Se alguém chega com lágrimas, é porque você tem o lenço.
Se a dor impulsiona alguém em sua direção, é porque você tem o curativo.
Quando alguém se acerca com fome, é porque você tem o alimento.
E se o desânimo lhe aproxima um ser, é porque você tem o estímulo necessário.
Quando alguém chega em desespero, é porque você tem a serenidade.
Se alguém foge do tumulto e lhe busca a presença, é porque você tem a tranquilidade.
Quando alguém o procura com medo, é porque você tem a segurança.
Quando vem ao seu encontro um coração aflito, é porque você tem a calma.
E se alguém o busca com palavras, é porque você tem a capacidade de ouvir.
Quando lhe chega uma alma em conflitos, é porque você tem a temperança.
Se alguém se aproxima com ódio, é porque você tem o amor.
Se alguém lhe confidencia segredos, é porque você possui a discrição.
Se a mágoa lhe traz alguém, é porque você tem o perdão.
Se lhe apresentam a fantasia, é porque você tem a realidade.
Quando lhe trazem versos, é porque você tem a melodia.
Quando lhe estendem as mãos sangrando, é porque você tem o remédio.
Quando alguém lhe chega com a indecisão, é porque você conhece o rumo certo.
Quando alguém lhe chega com carências, é porque você tem a ternura.
E se alguém o busca com dúvidas, é porque você tem a fé.
Quando alguém se aproxima com passos vacilantes, é porque você tem a firmeza.
Se alguém se apresenta com a vontade paralisada, é porque você tem o dinamismo.
Quando alguém chega com a mente confusa, é porque você tem a lucidez.
E se alguém se aproxima com os braços abertos, é porque você tem o abraço.
E, por fim, quando alguém lhe apresenta um frasco vazio, é porque você tem o perfume.
Por todas essas razões, nunca deixe alguém que o busca partir sem uma resposta, pois ninguém chega até você por acaso.
Ainda que você pense que nada possui para oferecer, isso não é verdade. Se alguém lhe apresenta uma necessidade qualquer, mesmo que velada, é porque você tem algo para oferecer.
* * *
De tudo o que Deus criou e que existe no mundo, o mais importante está dentro de você.
São as suas virtudes de esperança, otimismo, coragem, confiança e amor.
Essas qualidades devem brilhar para fazer a sua vida diferente.
Do desabrochar dessas virtudes latentes em seu íntimo, depende a felicidade de muitos.
Deixe-as fluir de dentro de você como um pássaro livre e perceberá que essa força divina espargirá paz ao seu redor, alcançando a todos aqueles que cruzam o seu caminho.
Redação do Momento Espírita.