quarta-feira, 30 de abril de 2014


Consciência política – Orson Peter Carrara 

                Entrevistei o vereador MARCOS PAPA, de Ribeirão Preto-SP. Suas lúcidas respostas, embora parcialmente aqui transcritas, são bem oportunas para um ano eleitoral como 2014. Trago aos leitores alguns trechos das principais perguntas:

Qual o maior obstáculo ao cumprimento ideal político saudável, considerando os objetivos do partidarismo político?

O partido deve permitir que seus filiados elejam seus dirigentes; poucos são assim no Brasil. A maioria deles possui presidentes com poderes imperiais que nomeiam quem lhes atendem aos interesses eleitoreiros de cada eleição, desconsiderando a realidade de cada cidade. Cada cidadão deve conferir se o partido do seu candidato preferido é realmente um partido político ou uma agremiação de um dono. Se não encontrarmos um partido que espelhe melhor os nossos ideais, podemos e devemos fazer política fora dos partidos políticos. Os Conselhos de Direito criados pela Constituição de 1988 para a população determinar sua pauta de necessidades ao poder público estão ocupados pelos governos porque a sociedade ainda não acordou para isso e é do interesse do poder político estabelecido que continue dormindo e dizendo que não gosta de política, pois assim age como bem quer. Há o Conselho Municipal de Educação, de Saúde, de Cultura, de Segurança etc. Cada um de nós tem uma aptidão e pode colocar-se a serviço de sua comunidade num desses Conselhos. 

Por que a política seduz tanto a ponto de corromper muitos?

O poder não muda ninguém; ele revela! Se já realizamos em nós os valores éticos universais de justiça, fraternidade, caridade e lealdade, por exemplo, nada nos corromperá. (...) Escolher quais tendências alimentar, o que plantar, é da nossa conta. A colheita será obrigatória. Aprendemos que “a cada um será dado segundo suas obras”.

O que dizer da consciência de voto?

Imprescindível. Precisamos de caridade para com todos, porque vivemos em sociedade. Devemos cuidar da cidade. Cuidando da cidade, cuidamos das pessoas que vivem conosco e nos livramos dos políticos clientelistas que dependem da perpetuação da desgraça para fazerem favores individuais e terem vida longa na política. O voto é a oportunidade que temos de separar o “joio do trigo”. Urge aprimorarmos as leis eleitorais, como as sociedades desenvolvidas fizeram, mas enquanto as regras forem essas, precisamos usá-las com inteligência em benefício de todos.

E as grandes reformas políticas de que o país precisa, em que estágio se encontram?

Muito atrasadas, porque ferem interesses cristalizados por uma burocracia ineficiente e vampiresca. Quando a sociedade tomar a sábia decisão de cuidar do que é dela, aos poucos promoveremos mudanças saudáveis.
Como formar uma mentalidade política saudável no grande público?

Somos divinamente vocacionados para a fraternidade, mas ainda estamos egoístas. Somos uma família universal e precisamos despertar para a necessidade de uma postura socialmente fraterna. Seremos cobrados por isso porque as oportunidades estão diante de nós, mas cada alma faz seu próprio despertar. Aprenderemos pelo amor e pela dor a assumir atitudes em defesa de uma sociedade mais justa e fraterna e para isso fatalmente deveremos nos envolver com questões políticas. Somos comandados por políticos. Eles criam as leis que regulam nossa vida em sociedade. Ou tomamos a iniciativa e reagimos, ou regularão nossas vidas como bem entendem. Aprenderemos a identificar os profanadores dos ideais de progresso e justiça e os baniremos da vida pública.

Algo marcante que gostaria de acrescentar?

A sociedade, o cidadão comum, precisa urgentemente oferecer apoio político aos que, por amor, abraçaram trabalhos no campo da política, do contrário, os operadores políticos tradicionais continuarão a controlar tudo segundo seus interesses gananciosos e não os da comunidade. Os modernos “vendilhões do templo” oferecem apoio político aos seus escolhidos. Os traficantes, os prevaricadores, etc., oferecem apoio e depois cobram de seus eleitos o retorno de seus “investimentos”. Precisamos romper esse círculo vicioso oferecendo apoio àqueles que realmente desejam servir à sociedade. Aqui um cuidado: sempre perguntar ao pretendente de nosso apoio o que ele já fez para que possamos acreditar no que está dizendo que fará. Ele deve necessariamente apresentar sua folha de serviços prestados. Devemos estudar, escrutinar sua biografia, porque papel e discurso aceitam de tudo, mas história tem quem realmente fez.
 

domingo, 27 de abril de 2014

JOVENS – GRAVIDEZ INDESEJADA - Richard Simonetti

1 – Sou solteira, estudante, 17 anos. Estou grávida. Por que Deus fez isso comigo?

Se você sai na chuva e se molha ou põe a mão no fogo e se queima, pode culpar Deus? Qualquer adolescente sabe que a relação sexual envolve a possibilidade de concepção.

2 – Mas não é tudo programado pelos Espíritos prepostos de Deus?

Não confunda os programas de Deus com os programas dos homens. Deus sustenta a vida, mas sua manifestação, condição e qualidade dependem de nossas iniciativas.
 

3 – Se não é pela vontade de Deus que fiquei grávida, então posso abortar e livrar-me do problema?

Deus nos consente fazer o que desejamos, embora nem sempre façamos o que Ele deseja. Transar indiscriminadamente, por exemplo. O mal está em fazer o que Ele não deseja nem consente. Aqui se situa o aborto. No primeiro caso temos uma experiência que acabará nos ensinando que o sexo não deve ser inconsequente. No segundo temos um lamentável gesto de rebeldia e crueldade para com o filho asilado em seu ventre.

4 – Vai complicar. Meus pais querem que eu aborte.
Os problemas que enfrentará com seus pais são insignificantes, diante dos que resultam do aborto.

5 – E se eu procurar um bom médico?

Nenhum médico a livrará das consequências funestas do aborto, que é crime diante das leis divinas.

6 – Isso não importa agora. Quero resolver o presente. Do futuro cuidarei depois.

   Se você quebrar a perna e precisar engessá-­la, preferirá a amputação? Um filho, você saberá um dia, é muitas vezes um engessamento existencial, impondo-nos proveitosas disciplinas. O aborto é lamentável amputação moral que lhe reservará muitos dissabores.

7 – O casamento seria uma solução, mas meu namorado não quer. Devo pressioná-lo?

No passado fazia-se isso para salvar a reputação da jovem e a honra da família. Não importava se o casamento forçado inviabilizaria uma convivência feliz. Hoje sabemos que o único nome pelo qual devemos zelar é o de filhos de Deus, procurando cumprir suas leis, a partir do inconfundível não matarás contido no decálogo moisaico.

8 – Não me sinto preparada para a maternidade.

Raras mulheres sentem-se. A maternidade é sempre um desafio, mas um bom desafio que você vencerá tranquilamente, se confiar em Deus e dedicar-se ao filho.

sábado, 26 de abril de 2014

HOJE, dia 26.04.2014 - 18h - SMOOTH JAZZ

A RÁDIO CEAC apresenta A MÚSICA NO MUNDO- programa cultural que traz o mundo musical em todas as épocas.

        A MÚSICA NO MUNDO aborda grandes obras musicais de grandes autores, de diversas nacionalidades e de todas as épocas. São peças que se tornaram clássicas e inesquecíveis.

apresentação: Antônio de Mello

 
 
 

sexta-feira, 25 de abril de 2014

UM ABRAÇO - por Sidney Francese Fernandes


O que você faz quando está com dor de cabeça, ou quando está chateado?

Será que existe algum remédio para aliviar a maioria dos problemas físicos e emocionais?

Pois é, durante muito tempo estivemos à procura de alguma coisa que nos rejuvenescesse, que prolongasse nosso bom humor, que nos protegesse contra doenças, que curasse nossa depressão e que nos aliviasse o estresse.

Sim, alguma coisa que fortalecesse nossos laços afetivos e que, inclusive, nos ajudasse a adormecer tranquilos.

Encontramos! O remédio já havia sido descoberto e estava à nossa disposição. O mais impressionante de tudo é que não custa nada.

Aliás, custa sim, custa abrir mão de um pouco de orgulho, um pouco de pretensão de ser autossuficiente, um pouco de vontade de viver do jeito que queremos, sem depender dos outros.

É o abraço. O abraço é milagroso. É medicina realmente muito forte. O abraço, como sinal de afetividade e de carinho, pode nos ajudar a viver mais tempo, proteger-nos contra doenças, curar a depressão, fortificar os laços afetivos.

O abraço é um excelente tônico. Hoje, sabemos que a pessoa deprimida é bem mais suscetível a doenças. O abraço diminui a depressão e revigora o sistema imunológico.

O abraço injeta nova vida nos corpos cansados e fatigados, e a pessoa abraçada sente-se mais jovem e vibrante. O uso regular do abraço prolonga a vida e estimula a vontade de viver.

Ouvimos, há algum tempo, a teoria muito interessante de uma psicóloga americana, dizendo que se precisa de quatro abraços por dia para sobreviver, oito abraços para manter-se vivo e doze abraços por dia para prosperar.

E o mais bonito é que esse remédio não tem contraindicação e não há maneira de dá-lo sem ganhá-lo de volta.

Temos visto, colado nos vidros de alguns veículos, um adesivo muito simpático, dizendo: Abrace mais!

Eis uma proposta nobre: Abraçar mais.

O contato físico do abraço se faz necessário para que as trocas de energias se deem, e para que a afetividade entre duas pessoas seja constantemente revitalizada.

O abraçar mais é um excelente começo para aqueles de nós que nos percebemos um tanto afastados das pessoas, um tanto frios no trato com os outros.

Só quem já deu ou recebeu um sincero abraço sabe o quanto este gesto, aparentemente simples, consegue dizer.

Muitos pedidos de perdão foram traduzidos em abraços...

Muitos dizeres eu te amo foram convertidos em abraços.

Muitos sentimentos de saudade foram calados por abraços.

Muitas despedidas emocionadas selaram um amor sem fim no aconchego de um abraço.

Assim, convidamos você a abraçar mais.

Doe seu abraço apertado para alguém, e receba imediatamente a volta desse ato carinhoso.

Utilize a terapia do abraço contra a tristeza e a depressão.

Abrace, afetuosamente, a quem você ama e transmita as emoções desse seu sentimento.

Abrace e transmita bem-estar, paz.

Pense nisso! Abrace mais você também.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

SEJA VOLUNTÁRIO

Pelo Espírito Cairbar Schutel. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Livro: O Espírito da Verdade. Lição nº 58. Página 140.

 Seja voluntário na evangelização infantil. Não aguarde convite para contribuir em favor da Boa Nova no coração das crianças. Auxilie a plantação do futuro.

Seja voluntário no Culto do Evangelho. Não espere a participação de todos os companheiros do lar para iniciá-lo. Se preciso, faça-o sozinho.

Seja voluntário no templo espírita. Não aguarde ser eleito diretor para cooperar. Colabore sem impor condições, em algum setor, hoje mesmo.

Seja voluntário no estudo edificante. Não espere que os outros lhe chamem a atenção. Estude por conta própria.

Seja voluntário na mediunidade. Não aguarde o desenvolvimento mediúnico, sistematicamente sentado à mesa de sessões. Procure a convivência dos Espíritos Superiores, amparando os infelizes.

Seja voluntário na assistência social. Não espere que lhe venham puxar o paletó, rogando auxílio. Busque os irmãos necessitados e ajude como puder.

Seja voluntário na propaganda libertadora. Não aguarde riqueza para divulgar os princípios da fé. Dissemine, desde já, livros e publicações doutrinárias.

Seja voluntário na imprensa espírita. Não espere de braços cruzados a cobrança da assinatura. Envie o seu concurso, ainda que modesto, dentro das suas possibilidades.

Sim, meu amigo. Não se sinta realizado.

Cultive espontaneidade nas tarefas do bem.

“A sementeira, é grande e os trabalhadores são poucos.”

Vivemos os tempos da renovação fundamental.

Atravessemos, portanto, em serviço, o limiar da Era do Espírito!

Ressoam os clarins da convocação geral para as fileiras do Espiritismo.

Há mobilização de todos.

Cada qual pode servir a seu modo.

Aliste-se enquanto você se encontra válido.

Assuma iniciativa própria.

Apresente-se em alguma frente de atividade renovadora e sirva sem descansar.

Quase sempre, espírita sem serviço é alma a caminho de tenebrosos labirintos do umbral.

Seja voluntário na Seara de Jesus, Nosso Mestre e Senhor!

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Expressivo centenário no Brasil – Orson Peter Carrara – 

No próximo dia 26 de maio de 2014 alcançamos o centenário de Irmã Dulce.

Ela que foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz em 1988 não pode ter sua data de nascimento alcançando cem anos passar indiferente pela nossa memória. Carta viva do Evangelho em pátria brasileira, Irmã Dulce nasceu em Salvador (BA) no dia 26 de maio de 1914.

Maria Rita de Sousa Brito Lopes – filha de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes e do Dr. Augusto Lopes Pontes, dentista e professor da Universidade Federal da Bahia – ficou mais conhecida como Irmã Dulce, Beata Dulce dos Pobres ou Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, tendo recebido e epíteto de “o anjo bom da Bahia”.

Irmã Dulce ganhou notoriedade por suas obras de caridade e de assistência aos pobres e necessitados, obras essas que ela praticava desde muito cedo. Na juventude já lotava a casa de seus pais acolhendo doentes. Ela também criou e ajudou a criar várias instituições filantrópicas: uma das mais importantes e famosas é o Hospital Santo Antônio, que foi construído no lugar do galinheiro do Convento Santo Antônio.

Irmã Dulce foi uma das mais importantes, influentes e notórias ativistas humanitárias do século XX. Suas grandes obras de caridade são referência nacional, e ganharam repercussão pelo mundo, tanto que seu nome é sempre relacionado à caridade e amor ao próximo.

Por causa de um enfisema pulmonar, Irmã Dulce viveu os últimos 30 anos da sua vida com a saúde abalada seriamente – tinha 70% da capacidade respiratória comprometida e chegou a pesar 38 quilos. Entretanto, nem mesmo a doença a impediu de construir e manter uma das maiores e mais respeitadas instituições filantrópicas do país. Morreu em 13 de março de 1992, pouco tempo antes de completar 78 anos.

Seu legado de amor e sua biografia surgem como oportunidade de pesquisa e estudo na construção de um mundo melhor, como todos desejamos, especialmente considerando seu perfil humanitário voltado à caridade. Em seu centenário de nascimento, nossa homenagem de gratidão. 

terça-feira, 22 de abril de 2014


CONSCIÊNCIA REENCARNATÓRIA - Richard Simonetti
 
        Avançam as pesquisas sobre a reencarnação. Há incontáveis livros publicados, particularmente na Europa e nos Estados Unidos. Envolvem aspectos variados, com destaque para as reminiscências espontâneas.

         É significativo o número de pessoas que se recordam de vidas passadas. Algo ponderável, principalmente por envolver, geralmente, crianças sem nenhum interesse ou capacidade para forjar histórias fantásticas. Por outro lado, a Terapia das Vivências Passadas (TVP) coloca médicos e psicólogos em contato com vidas anteriores dos pacientes, acumulando evidências e farto material para pesquisa.

 Dizia-nos um psicólogo:

 – Já não tenho dúvidas sobre a Reencarnação. Eu a vejo, clara, inconfundível, nas reminiscências induzidas, em que meus pacientes descobrem, surpresos, acontecimentos de ontem que estão repercutindo hoje em seu psiquismo, originando males variados. Eles superam muitos problemas a partir dessas experiências. Passam a lidar melhor com fobias e desajustes diretamente relacionados. 

Não há como negar o peso da reencarnação na balança de nossa economia psíquica. Freud estava no caminho certo quando concebeu que nossos males guardam relação com experiências traumáticas do passado. Infelizmente, por não aceitar a reencarnação, resvalou para a fantasia em suas conclusões.

 Para nós, espíritas, o avanço das pesquisas sobre a reencarnação constitui motivo de satisfação. Gratificante ver nossa crença disseminada, nossos princípios evidenciados, influenciando os profissionais de saúde, a caminho de uma medicina psicossomática, interessada em desvendar os mistérios do Espírito imortal para resolver os problemas do homem perecível.
         Consideremos, entretanto: Não basta constatar uma realidade. Imperioso que repercuta em nossa vida. Não basta admitir ideias. É preciso cultivar ideais.
         A reencarnação não é apenas um princípio lógico e racional, que explica as diferenças humanas. Fundamental ver nela um precioso estímulo, ajudando-nos a superar nossas próprias limitações.

         Para tanto, é preciso formar uma consciência reencarnatória, a convicção de que estamos em trânsito pela Terra, numa viagem que se iniciou há milênios antes do berço, e se estenderá rumo ao infinito, além-túmulo.

         Não podemos nos limitar aos interesses materiais, à satisfação de nossos desejos em relação ao imediatismo terrestre, visando sucesso, conforto, riqueza, prazer… Acima de tudo, cogitemos da edificação de nossas almas, o empenho em superar imperfeições, valorizando o ensejo de aprendizado da jornada humana.
         Oportuno indagar, diariamente, a nós mesmos:
         O que cultivo – iniciativas, desejos, interesses, atividades – diz respeito a minha condição de Espírito imortal?

Estou crescendo em conhecimento, responsabilidade e discernimento? Ou tenho privilegiado o homem perecível, a perseguir ilusões?

Fundamental essa análise introspectiva. Há algo de vital importância em jogo: O nosso futuro!

domingo, 20 de abril de 2014

A MORTE NÃO ARREBATA A VIDA, NEM MESMO A DOS ANIMAIS. Jorge Salomão


Muitos indagam se o princípio espiritual existente nos animais sobrevive após a morte ou se extingue em definitivo com esse acontecimento. A resposta a essa indagação foi dada pelos espíritos a Kardec na questão de número 597 do Livro dos Espíritos: sim, eles sobrevivem à morte e conservam a sua individualidade no mundo dos espíritos!

A resposta dos espíritos não pode ser objeto de dúvida ou polêmica, especialmente diante do fato de que os animais são seres da criação e por esse motivo se submetem ao contínuo processo de evolução. Os naturalistas, a exemplo de Charles Darwin, criador da Teoria da Evolução, já admitiam que todos os seres vivos, por estarem sujeitos à lei de evolução foram sofrendo mutações ao longo dos milênios até dar origem a todas as espécies que se tem notícia. Esse registro é importante porque permite deduzir que o princípio fundamental da vida (progenota) é imortal, pois vai migrando de um reino para outro até atingir o estágio mais superior da criação. Os próprios espíritos confirmaram a Kardec que os animais possuem uma alma, o que lhes dá, evidentemente, a condição de seres imortais como os humanos. Acresça-se que o Homem antes de ser o que é já estagiou por muito tempo no reino animal (Charles Darwin, A descendência do homem e seleção em relação ao sexo). Foi Aristóteles quem disse certa feita: “A natureza não dá saltos.” O homem não nasceu pronto e acabado, mas foi obra que o cinzel dos milhões de anos lapidou na oficina da natureza.

Se o princípio espiritual dos animais não morre, é fato, portanto, que eles povoem o plano espiritual e até mantenham algum contato com o plano físico como fazem o espíritos desencarnados. Embora por prazo curto o certo é que mantém esse contato. Prova disso são os relatos de visão, aparição e audição dos “fantasmas” de animais mortos, relatos esses veiculados pelos seus próprios donos sob o mais rigoroso inquérito científico (A Reencarnação, Gabriel Delanne, capítulos IV e V). É a prova irrefutável de que nossos irmãos inferiores também não se extinguem após o último sopro de vida física.    

O próprio Francisco Cândido Xavier relatou que o seu cão Lorde, a quem ele devotava muito amor e carinho, companheiro fiel de orações, após terminar a vida muito doente, soube que a alma do seu animal foi acolhida no mundo espiritual pelo seu falecido irmão José. Nos meses seguintes à morte do seu cãozinho, Chico notou que o seu irmão José, quando o visitava, sempre vinha acompanhado do cachorro Lorde (Testemunhos de Chico Xavier, Suely Caldas Schubert, FEB, 2ª Edição, página 283). Padre Germano, espírito, era visto tanto pelo Chico Xavier quanto pelo Divaldo Pereira Franco, acompanhado do seu animal de estimação, o cachorro Sultão (Trinta Anos Com Chico Xavier, Clóvis Tavares, capítulo 12).

Alguns céticos, quando se dão conta dessas colocações, esboçam nos lábios um leve sorriso de Maquiavel e encarnam a figura da genialidade incrédula com mais uma “ladainha” cantada pelos ignorantes travestidos de doutores metapsiquicos. Ventilam para a humanidade a idéia limitadora do non plus ultra dos latinos e se ufanam em dizer que o concreto é o positivo e o positivo é o concreto, não havendo, ao final, espaço para divagações além das fronteiras da terceira dimensão. Contudo, uma coisa é certa: negar um fato da vida não cria lei porque a lei é o próprio fato negado! Quer dizer: deixar de crer no que ora se afirma – sobrevivência do princípio espiritual dos animais à morte – não retira da própria lei universal a existência da lei da imortalidade na qual todos os seres estão invariavelmente vinculados.

Vale a pena trazer à tona o sábio ensino ministrado pelo nosso amado Chico Xavier em torno da questão da imortalidade dos animais: “A vida é uma luz que se alarga para todos.” Não existe no contexto da criação idéia para vidas fugazes que se extinguem como fogos fátuos nos jogos de ilusão, mesmo para os seres que são considerados nossos irmãos que ainda vivem no claustro da animalidade primitiva. São seres, são vidas, são almas imortais que diariamente nascem e morrem, mas que retornam para o oceano da vida em existência de progresso infindável para um dia ocuparem o trono do deus homem que até lá estará ocupando o trono dos anjos no palácio infinito de Deus cujo trono situa-se no universo! 

sábado, 19 de abril de 2014

PERISPÍRITO E CORPO FÍSICO. DUAS REALIDADES DE UMA ÚNICA ENTIDADE: O ESPÍRITO.
O mecanicismo filosófico de René Descartes (1596-1656) trouxe uma visão puramente material acerca do funcionamento da vida, pois considera que todo evento ou realidade natural a ela inerente se explica levando em conta que o universo é uma grande máquina e os seres viventes também, incluindo o ser humano. Segundo essa doutrina ignora-se a existência de sentimentos ou emoções nos seres e o funcionamento da vida é visto tão somente sob o prisma de um maquinismo previamente regulado pela natureza.

Torna-se visível os efeitos deletérios que essa doutrina trouxe para o desenvolvimento humano, especialmente no campo da ciência médica que passou a considerar o homem apenas formado por um conjunto de órgãos que se movimentam apenas e tão somente sob o dinamismo celular. A existência do ser é unicamente representada como reflexo direto do funcionamento dos diversos órgãos que compõem a estrutura física. Por isso o fenômeno da vida passou a ser visto apenas pelo estreito ângulo material em que se desconsiderou por completo a existência de um ser causal a projetar as suas forças teledinâmicas sobre o organismo físico.  

Ao Espiritismo coube a missão de demonstrar o desacerto da teoria mecanicista de Descartes, porquanto trouxe relevantes informações baseadas em fatos que não foram seguramente contraditados pela razão. Os espíritos provaram para a humanidade que a vida física não é produto de um maquinismo automático em que as miríades celulares funcionam apenas sob a impulsão de fenômenos químicos ou elétricos. A concepção espírita sobre a causa substancial da vida tem como pressuposto a existência de um ser que em contato com a matéria lhe dá a vitalidade necessária: o espírito. Porém a sua influência sobre o cosmo físico somente se dá através de um veículo semi-material denominado perispírito. Ele é o ponto de contato ou o elo entre o espírito e a matéria.

E o perispírito não é uma ficção ou simples abstração alcançável somente pela imaginação. A sua existência já era conhecida desde a mais remota antiguidade, sendo oportuno recordar-se que no Egito, isso há mais de 5.000 anos antes de Cristo ele era conhecido pelo nome de Kha. Na Índia, no Rig-Veda, livro sagrado dos vedas encontramos referências ao perispírito com o nome de linga-sharira. Para Confúcio era o corpo aeriforme. Na Grécia os filósofos se utilizavam de uma variada nomenclatura para defini-lo como veículo leve, corpo luminoso ou carro sutil da alma. Claude Bernard deu-lhe o nome de idéia diretriz, Leibnitz batizou-o de corpo fluídico e Paulo de Tarso refere-se a ele nas suas epístolas como corpo espiritual, celeste ou corpo incorruptível.

O corpo perispiritual foi objeto de estudos científicos na antiga URSS e a sua existência foi experimentalmente confirmada. Tais estudos e pesquisas redundaram na publicação de uma obra muito interessante: Experiências Psíquicas Além da Cortina de Ferro. Embora essa obra seja de autores americanos o certo é que se trata de um relato acerca das ocorrências fenomênicas e respectivas experiências levadas a efeito por cientistas russos.

Allan Kardec foi profético ao escrever sobre o perispírito e as implicações futuras que esse conhecimento ainda poderá propiciar: “O conhecimento dele foi a chave da explicação de uma imensidade de fenômenos e permitiu que a ciência espírita desse largo passo, fazendo-a enveredar por nova senda, tirando-lhe todo o cunho de maravilhosa.” (Livro dos Médiuns, capítulo VI, item 109). O que se verifica é que o conhecimento e o estudo aprofundado desse revestimento fluídico se constitui em poderosa ferramenta para a elucidação de uma gama infinita de fenômenos até então desconhecidos, dentre eles o da saúde e da doença. É nele onde se localizam as linhas da morfogênese física e que projeta seu potente campo de força sobre o embrião nidificado e o influencia a adquirir ao longo do período gestacional o formato humano. Na obra Medicina Vibracional o doutor Richard Gerber faz a seguinte referência: “O mapa energético contém informações que governam o crescimento celular da estrutura física do corpo.(...) O corpo físico está tão intimamente ligado ao corpo etérico em termos energéticos, e tão dependente dele para a orientação da atividade celular, que o primeiro não poderia existir sem o segundo.” (página 98, editora Cultrix, 2007). 

Aos poucos e com muito acanhamento alguns homens de ciência vem admitindo a existência do corpo perispiritual. Contudo, maior proveito para a humanidade haveria se a Medicina se dedicasse a estudá-lo em profundidade e iria reconhecer, finalmente, que o corpo físico está inevitavelmente vinculado a essa matriz biomagnética considerada o centro ou a sede de onde promana a fenomenologia da vida no seu multifário aspecto. Uma nova visão se descortinaria para o futuro a ponto de se concluir que não há exatamente doenças, mas doentes!

sexta-feira, 18 de abril de 2014



A MENSAGEM CRISTÃ

Pelo Espírito Emmanuel. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Livro: Roteiro. Lição nº 13. Página 59.



Não se reveste o ensinamento de Jesus de quaisquer fórmulas complicadas.

Guardando embora o devido respeito a todas as escolas de revelação da fé com os seus colégios iniciáticos, notamos que o Senhor desce da Altura, a fim de libertar o templo do coração humano para a sublimidade do amor e da luz, através da fraternidade, do amor e do conhecimento.

Para isso, o Mestre não exige que os homens se façam heróis ou santos de um dia para o outro.

Não pede que os seguidores pratiquem milagres, nem lhes reclama o impossível.

Dirige-se a palavra d'Ele à vida comum, aos campos mais simples do sentimento, à luta vulgar e às experiências de cada dia.

Contrariamente a todos os mentores da Humanidade, que viviam, até então, entre mistérios religiosos e dominações políticas, convive com a massa popular, convidando as criaturas a levantarem o santuário do Senhor nos próprios corações.

- Ama a Deus, Nosso Pai - ensinava Ele, com toda a tua alma, com todo o teu coração e com todo o teu entendimento.

- Ama o próximo como a ti mesmo.

- Perdoa ao companheiro quantas vezes se fizerem necessárias.

- Empresta sem aguardar retribuição.

- Ora pelos que te perseguem e caluniam.

- Ajuda aos adversários.

- Não condenes para que não sejas condenado.

- A quem te pedir a capa cede igualmente a túnica.

- Se alguém te solicita a jornada de mil passos, segue com ele dois mil.

- Não procures o primeiro lugar nas assembléias, para que a vaidade não te tente o coração.

- Quem se humilha será exaltado.

- Ao que te bater numa face, oferece também a outra.

- Bendize aquele que te amaldiçoa.

- Liberta e serás libertado.

- Dá e receberás.

- Sê misericordioso.

- Faze o bem ao que te odeia.

- Qualquer que perder a sua vida, por amor ao apostolado da redenção, ganhá-la-á mais perfeita, na glória da eternidade.

- Resplandeça a tua luz.

- Tem bom ânimo.

- Deixa aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos.

- Se pretendes encontrar-me na luz da ressurreição, nega a ti mesmo, alegra-te sob o peso da cruz dos próprios deveres e segue-me os passos no calvário de suor e sacrifício que precede os júbilos da aurora divina!

E, diante desses apelos, gradativamente, há vinte séculos, calam-se as vozes que mandam revidar e ferir!...

E a palavra do Cristo, acima de editos e espadas, decretos e encíclicas, sobe sempre e cresce cada vez mais, na acústica do mundo, preparando os homens e a vida para a Soberania do Amor Universal.

quinta-feira, 17 de abril de 2014


OS DEMÔNIOS QUE NOS ATORMENTAM - por Sidney Francese Fernandes


As manifestações da vida espiritual estão na raiz de todas as escolas religiosas, afirma-nos Emmanuel. Moisés no Sinai, Jesus no Tabor, o Colégio Apostólico, Maomé, Francisco de Assis, Lutero, Teresa D’Ávila e muitos outros foram testemunhas ilustres dos sinais do reino dos Espíritos. O socorro às influências obsessivas também não é de agora. Já era da intimidade dos apóstolos.

E nos tempos atuais em O Livro dos Espíritos – na questão 467 e seguintes - encontramos o roteiro seguro para neutralizar a influência dos maus Espíritos: Praticando o bem e pondo em Deus a vossa confiança.

Cremos em Deus e pomos nele a nossa confiança?

Diz Tiago, em sua epístola, que fazemos bem em crer em Deus. Adverte, porém, que os demônios também o creem e estremecem, mas continuam fazendo as suas artes. 

A maioria de nós crê em Deus, mas age como se nele não acreditasse.

Esquecemo-nos de que a prática do bem - materializada pelo cumprimento de nossas obrigações, sejam elas familiares, sociais ou profissionais - nos aproxima de Deus e corta a nossa sintonia com maus Espíritos. Espíritos só se apegam aos que, pelos seus desejos, os chamam, ou aos que, pelos seus pensamentos, os atraem. Como diz Kardec, nós chamamos os Espíritos por nossos pensamentos e desejos. Isto é, não raramente, são os nossos DEMÔNIOS INTERNOS que nos atormentam, e não os desencarnados.  Não haverá trabalho de desobsessão que dê jeito em nossa vida, se não fornecermos aos bons Espíritos motivos que justifiquem a nossa libertação.

Há pouco tempo recorri a um grande médium brasileiro para auxiliar a esposa de um amigo. Mesmo sem poder prestar um atendimento presencial, ministrou um socorro de emergência, por telefone. Após marcar uma data futura, em que seria iniciado o tratamento dentro do centro espírita, fez algumas recomendações à paciente. Mais tarde, em novo contato com o médium, tomei conhecimento delas:

— O caso de nossa irmã é realmente de fundo espiritual. No entanto, para que os Espíritos possam ajudá-la ela precisa imediatamente secar lágrimas.

— Como assim? - objetei.

— A paciente precisa ligar-se a alguma instituição beneficente e passar a auxiliar o próximo necessitado, a fim de fornecer-nos elementos que nos autorizem a auxiliá-la.

Na definição de espírita aprendemos que somos identificados pela nossa transformação moral e pelo esforço que empreendemos para domar nossas más inclinações.

A superação de problemas de saúde, inquietações e influências espirituais passa pela vigilância constante para superar nossas qualidades negativas e pelo esforço na prática do bem, no limite de nossas forças, pois responderemos por todo mal que resulte de nossa omissão, conforme a questão 642, de O Livro dos Espíritos.

— Antes de ser espírita – afirma Bezerra de Menezes — eu corria atrás dos meus defeitos. Hoje fujo deles!
E nós, como estamos? Correndo atrás ou fugindo de nossas qualidades negativas?

 Na Doutrina Espírita encontro resposta para todas as minhas dúvidas. Não apenas isso. Didatas da Espiritualidade trocam em miúdos os ensinamentos do Cristo e as preciosas lucubrações de Allan Kardec.

Destaca-se, dentre eles, o rigoroso mentor espiritual de Chico Xavier, Emmanuel. Vejamos estas dicas, verdadeiros atalhos, na busca da nossa melhoria íntima, na lição Entre falsas vozes:

Ø Se a preguiça pede: DESCANSA.
Ø Responde com algum acréscimo de esforço no trabalho.


Ø Se a vaidade afirma: NÃO EXISTE MAIOR QUE TU!
Ø Responde com humildade, reconhecendo que somos meros servidores.

Ø Se o orgulho diz: NÃO CEDAS
Ø Aprende a esquecer-te, auxiliando sempre.

Ø Se o ciúme diz: A POSSE É TUA.
Ø Procure entender que o amor e o bem são bênçãos extensivas a todos

Ø Se o egoísmo te aconselha: RETÉM.
Ø Abre tuas mãos e distribui bondade com os que te cercam.

Ø Se a revolta aconselha: REAJE E REINVINDICA OS TEUS DIREITOS.
Ø Aguarda a Justiça Divina trabalhando com mais abnegação.

Ø Se a maldade sugere: VINGA-TE.
Ø Considera que mais vale amparar constantemente o companheiro, quanto temos sido auxiliados por Jesus.
OS FALSOS PROFETAS TAMBÉM VIVEM NOS RECESSOS DO NOSSO PRÓPRIO SER

Paulo, o apóstolo, também precisou lutar contra os demônios interiores que o atormentavam. "Tendo o mesmo combate que já em mim tendes visto e agora ouvis estar em mim" (Epístola ao Filipenses).

Resolveu perseguir aqueles que interpretava por inimigos da ordem estabelecida e multiplicou adversários em toda parte. Feriu, atormentou, complicou situações de amigos respeitáveis, sentenciou pessoas inocentes a inquietações inomináveis, guerreou pecadores e santos, justos e injustos... 

Surgiu, contudo, o momento em que o Senhor o convocou a outro gênero de batalha: o combate consigo mesmo.

Diz Emmanuel, na página Combate interior, psicografia de Francisco Cândido Xavier:

Chegada essa hora, Paulo de Tarso cala-se e escuta...

Quebra-se-lhe a espada nas mãos para sempre.

Não tem braços para hostilizar e sim para ajudar e servir.

Caminha, modificado, em sentido inverso.

Ao invés de humilhar os outros, dobra a própria cerviz. 

Sofre e aperfeiçoa-se no silêncio, com a mesma disposição de trabalho que o caracterizava nos tempos de cegueira. 

É apedrejado, açoitado, preso, incompreendido muitas vezes, mas prossegue sempre, ao encontro da Divina Renovação.

Se queremos proteção contra as investidas de desencarnados inferiores e se almejamos vencer nossos demônios internos, é melhor começar agora o bendito combate contra os próprios defeitos. Mais cedo ou mais tarde, pelo doce convite de algum enviado do Cristo ou pelo rude atrito das pedras do caminho, seremos chamados a semelhante serviço.

Oremos, vigiemos, afeiçoando nosso coração à humildade e à paciência. Se nem mesmo Paulo, ainda que agraciado pela visita de Jesus, escapou, que diremos de nós mesmos?

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Depois do lançamento - Orson Peter Carrara

Livro ensejou diversas manifestações

São notáveis as manifestações iniciais sobre impressões decorrentes do lançamento de O Livro dos Espíritos, que ocorreu em 18 de abril de 1857. Allan Kardec publicou as principais delas em sua Revista Espírita (1) de janeiro de 1858, mês em que a publicação foi lançada.

O jornal Courrier de Paris, de 11 de junho de 1857, em artigo assinado por G. Du Chalard, estampou comentários muito interessantes que transcrevemos parcialmente, mas recomendamos com ênfase a leitura na íntegra diretamente no original:

“(...) Quem escreveu aquela introdução que abre O Livro dos Espíritos deve ter a alma aberta a todos os sentimentos nobres. (...)

Muitas vezes nos interrogávamos e, durante muito tempo, antes de ter ouvido falar em médiuns, a respeito do que se passava nas regiões que se convencionou chamar o alto. Há tempo chegamos mesmo a esboçar uma teoria sobre os mundos invisíveis, guardando-a ciosamente para nós e nos sentimos muito felizes porque a encontramos, quase que por inteiro, no livro do Sr. Allan Kardec.

A todos os deserdados da Terra, a todos quantos marcham e que, nas suas quedas, regam com as lágrimas o pó da estrada, diremos: Lede O Livro dos Espíritos; ele vos tornará mais fortes. Também aos felizes, aos que pelo caminho só encontram as aclamações e os sorrisos da fortuna, diremos: Estudai-o e ele vos tornará melhores.

O corpo da obra, diz o Sr. Allan Kardec, deve ser atribuído inteiramente aos Espíritos que o ditaram. Está admiravelmente dividido no sistema de perguntas e respostas. Por vezes estas últimas são de uma bondade sublime, o que não nos surpreende. Mas não foi necessário um grande mérito a quem as pôde provocar? (...)

Lendo as admiráveis respostas dos espíritos na obra do Sr. Allan Kardec, constatamos que há ali matéria para um belo livro. Logo verificamos, entretanto, o nosso engano: o livro já está escrito. (...)

O sr. é homem de estudo e tem aquela boa-fé que apenas necessita instruir-se? Então leia o livro primeiro sobre a doutrina espírita.

Está na classe das criaturas que apenas se ocupam consigo mesmas e que, como se costuma dizer, fazem os seus negócios muito tranqüilamente e nada enxergam além dos próprios interesses? Leia as Leis Morais.

A desgraça o persegue encarniçadamente e a dúvida o tortura por vezes no seu abraço gelado? Estude o terceiro livro: Esperanças e Consolações.

Todos quantos aninham pensamentos nobres no coração e acreditam no bem, leiam o livro da primeira à última página.

Aos que encontrassem matéria para zombaria, o nosso sincero lamento”.

Em outras duas cartas recebidas, que Kardec também publicou na mesma edição da Revista Espírita, destacamos novamente em transcrição parcial:

a) “(...) Impossível descrever o efeito em mim produzido: sinto-me como um homem que saiu da escuridão; parece-me que uma porta, até hoje fechada, abriu-se subitamente; minhas ideias ampliaram-se em poucas horas! Oh! Quanto a humanidade e todas essas miseráveis preocupações me parecem mesquinhas e pueris ao lado desse futuro de que não duvidava, mas que me era de tal modo obscurecido pelos preconceitos, que eu apenas o imaginava! Graças ao ensino dos Espíritos, agora se me apresenta sob uma forma definida, perceptível, maior, mais bela, e em harmonia com a majestade do Criador. Quem quer que leia esse livro meditando, como eu, aí encontrará inesgotáveis tesouros de consolações, pois que ele abarca todas as fases da existência. Em minha vida sofri perdas que me afetaram vivamente; hoje não me causam nenhum desgosto e toda minha preocupação é empregar utilmente o tempo e minhas faculdades para acelerar meu progresso, pois agora para mim o bem tem uma finalidade e compreendo que uma vida inútil é uma vida egoística, que não nos ajudará a avançar na vida futura. (...)”

b) “(...) Faço meus amigos partilharem das convicções adquiridas na leitura de sua obra; todos se sentem felizes; compreendem agora as desigualdades das posições sociais e não murmuram contra a Providência; a esperança fundamentada num futuro mais feliz, desde que bem se conduzam, os conforta e lhes dá coragem (...)”

A primeira das cartas está assinada apenas como Capitão reformado D... e a segunda com a simples indicação C...

O Codificador cita que recebeu muitas outras correspondências e principalmente questionamentos. Mas a seleção que publicou diz bem dos benefícios que a obra trouxe, já em seu lançamento, para aqueles que a estudaram sem prevenção e com o sincero desejo do próprio aperfeiçoamento.

E até hoje a obra vem espalhando bênçãos de uma doutrina que não tem qualquer espécie de partidarismo ou vinculação a interesses que não sejam o progresso e a felicidade humana, desdobrando o pensamento
de Jesus e esclarecendo sobre as Divinas Leis que nos dirigem.

terça-feira, 15 de abril de 2014




PECADO - Richard Simonetti

 
         A fim de atrair fieis para sua igreja, o padre colocou um cartaz na porta: Se você está cansado de pecar, entre.

          Alguém anotou, embaixo, letra feminina, um número de telefone, observando: Se ainda não estiver, ligue-me.

          A expressão pecado costuma ser situada como uma ofensa a Deus, envolvendo desvios de comportamento, em relação aos princípios religiosos.

          Na verdade, jamais ofenderemos a Deus, por mais nos comprometamos no erro, no vício, na maldade. O relativo jamais poderá atingir o absoluto. Não obstante, podemos usá-la para definir um comportamento que compromete nossa dignidade como filhos de Deus, contrariando a filiação divina.

         A tradição religiosa fala em sete pecados capitais, passíveis de remeter a Alma para as caldeiras de Belzebu: avareza, gula, inveja, ira, luxúria, orgulho, preguiça.

         As religiões situam-se por apelos divinos, convocando-nos a superar o comportamento pecaminoso.

 Não obstante, sempre há recadinhos de nossa inferioridade:

 – Passe ao largo, desfrute os prazeres, aproveite a vida.

 – Não perca tempo com beatices.

– Ligue para mim (dê atenção às minhas sugestões)…

          A propósito do assunto, o apóstolo Paulo tem ilustrativa observação (Romanos, 7:19): Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço.

          É o retrato fiel da condição humana, em que prevalecem instintos primitivos de animalidade, uma espécie de ir ao sabor da correnteza, acompanhando a multidão.

         Mais desejável deter do que oferecer.

         Mais animador o excesso do que a frugalidade.

         Mais fácil revidar do que relevar.

          Mais envolvente a sensualidade do que a castidade.

          Mais convidativa a inércia do que a ação.

          Mais atraente o vício do que a virtude.

          Mais motivadora a paixão do que a razão.

 Todavia, há consequências indesejáveis:

 Quando nos deixamos levar, fica sempre um gosto amargo de fim de festa, uma inquietação indefinível, como se estivéssemos fora dos ritmos da Vida, distraídos dos objetivos da existência, transviados em relação às metas que nos compete alcançar.

 Nesses descaminhos, há um encontro tão infalível quanto indesejável: A Dor, mestra severa e intransigente, a serviço de Deus, a cumprir a missão que lhe foi confiada: corrigir nossos rumos, ajudando-nos a trilhar os caminhos retos, superando as tendências inferiores que nos inspiram.

         Então, lamentamos o tempo perdido, os comprometimentos, a semeadura de frustrações e angústias.

          Imperiosa, portanto, elementar providência, se desejamos aproveitar integralmente as oportunidades de edificação da jornada humana, evitando os penosos encontros com a Dor:

         Ignoremos os recados mal intencionados dos instintos.

Atendamos aos convites da religiosidade, em favor de nossa própria renovação.
      
 

sábado, 12 de abril de 2014

LETREIROS VIVOS

Pelo Espírito André Luiz. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Livro: O Espírito da Verdade. Lição nº 76. Página 174.

 Nas faixas mínimas da sua experiência cotidiana surge o roteiro humano que você representa para os outros.

Os traços do semblante pintam-lhe o clima interior.

Os seus objetos de uso pessoal compõem o edifício da sua simplicidade.

A ordem dos seus afazeres indica-lhe o grau de disciplina.

O cumprimento das suas obrigações denuncia-lhe o valor da palavra empenhada.

O teor da amizade dos seus vizinhos, para com a sua pessoa, qualifica a sua capacidade de se fazer entendido.

O diapasão da sua palestra dá o tom da sua altura íntima.

A segurança da sua opinião traduz a firmeza dos seus ideais.

Os tecidos que lhe envolvem o corpo configuram-lhe o senso de naturalidade.

As iguarias da sua mesa revelam-lhe o papel do estômago no mundo moral.

A natureza do cuidado com o seu físico falam francamente de suas possíveis relações com a vaidade.

O seu presente diz, para todos, o que você foi no passado e o que você será no porvir, com reduzidas possibilidades de erro.

A uniformidade entre o movimento das suas idéias, dos seus conceitos e das suas ações disseca, à vista de todos, a fibra da sua vontade.

Todas as criaturas que lhe partilham a existência lêem incessantemente os letreiros vivos que lhe estabelecem a verdadeira identidade nos panoramas da vida, respondendo-lhe as mensagens inarticuladas com aversão ou simpatia, contentamento ou desagrado, conforme a sua plantação de bem ou mal.
 

quarta-feira, 9 de abril de 2014


TENTAÇÕES - por Richard Simonetti

1 – De acordo com a legislação vigente, adultério deixou de ser crime. Liberou geral?

                      Depende. Quanto aos usos e costumes humanos, tudo bem. Na Legislação Divina, inscrita na consciência humana, estará o adúltero enquadrado no crime que nosso Código Penal situaria por estelionato, nos comprometimentos da mentira e da traição.


2 – E quando há uma atração irresistível?

                     Atração irresistível é sinônimo de paixão, péssima conselheira, sempre sugerindo o concurso da irresponsabilidade em favor da satisfação dos sentidos. Exercícios de bom senso e disciplina podem neutralizá-la. Importante, também, lembrar aquele orar e vigiar recomendado por Jesus. Identificada a tentação pelo exercício da vigilância, é apelar para a oração, rogando a Deus coloque juízo em nossa cabeça.

3 – Se me apaixono por um homem casado, não pode ser ele o meu destino?

                     Situações dessa natureza configuram um desatino, não um destino. A paixão começa quando damos asas à imaginação, cedendo aos instintos. Melhor ver no objeto de suas cogitações amorosas um irmão atrelado a compromissos conjugais que você não tem o direito de perturbar, sob o embalo de suas fantasias.
4 – Uma mulher casada há vinte anos vive bem com marido e filhos, até que decide abandonar a família por um novo amor. Não é razoável que assim o faça, considerando que o amor é a suprema aspiração humana?

                      Parafraseando Madame Roland, guilhotinada pela Revolução Francesa (liberdade, liberdade, quantos crimes são cometidos em seu nome!), diríamos: quantas loucuras são cometidas em nome do amor, sem a compreensão de que jamais alguém será feliz deixando uma retaguarda de decepção e sofrimento nos familiares negligenciados. Ainda que, em princípio, essa senhora possa sentir-se realizada, haverá sempre um sentimento de inquietação que lhe amargará a existência, até transformar-se em insuperável angústia, quando sua consciência despertar em plenitude.

5 – Qual a responsabilidade, perante as leis divinas, daquele que é o pivô de uma separação?

                      Melhor seria que o amarrassem a uma pedra e o jogassem no rio. Quem disse isso sabia das coisas: Jesus (Mateus, 18:6). Em linguagem simbólica, que o cônjuge traído não deve observar ao pé da letra, reportava-se aos que são causa de escândalo. E haverá escândalo mais lamentável do que aquele provocado por alguém que destrói uma família para satisfazer a impulsos passionais?

 6 – Quando o adúltero está arrependido, deve o cônjuge traído sustentar o casamento, considerando o trauma que a separação causaria aos filhos?

                      Certamente Deus não se aborrecerá com a vítima de um adultério que pretenda mandar às favas o traidor. Não obstante, terá muito a ganhar se, superando a revolta e a indignação, dispuser-se a relevar em favor da integridade familiar.

 7 – E quando o adúltero continua “pulando a cerca”?

                     Se há filhos e a esposa tem vocação para o sacrifício, poderá sustentar o casamento, pensando no bem-estar deles. Para tanto será preciso encarar o adúltero não como o companheiro de lutas, mas o filho desajuizado, a testar suas virtudes, sem que lhe possa dar umas palmadas.


8 – Um homem afirma: Tenho vocação para o adultério. Sei que minha esposa não merece, mas o diabo tenta! O que dizer à esposa negligenciada?

                     Cada esposa tem o marido que merece. Talvez ela tenha aprontado muito em vidas anteriores para ver-se na contingência de casar-se com alguém tão endiabrado. Exatamente o que acontecerá ao marido no futuro, se não criar juízo no presente.

 

terça-feira, 1 de abril de 2014

UMA BOA IDEIA - Richard Simonetti

 

Perguntaram a Mahatma Gandhi o que achava da civilização ocidental:

– Acho que seria uma boa ideia.
Bem-humorado e perfeito o pensamento do grande líder espiritual.

Para entender o alcance de suas palavras, consideremos civilização, em sua expressão mais simples, como sinônimo de uma coletividade orientada por organização social adequada, leis justas e igualitárias que promovam o bem-estar da população.

Oportuno lembrar, a propósito, que todos os homens têm direito à vida, à liberdade e à felicidade, como sugere a proclamação da independência dos Estados Unidos da América.

 A população, por sua vez, numa civilização, exercita a cortesia, o respeito às normas e ao próximo, guardando fidelidade à própria consciência.

Dá para perceber por que Gandhi fala de uma boa ideia, dando a entender que não temos uma civilização em toda sua abrangência, já que esses princípios estão longe de serem observados em qualquer país do Ocidente. 

Na verdade, caro leitor, não são observados em plenitude em nenhum país deste nosso Mundo de Expiação e Provas, orientado pelo egoísmo.

Na questão 793, de O Livro dos Espíritos, interroga Kardec:

Por que sinais se pode reconhecer uma civilização completa?

Reconhecê-la-eis pelo desenvolvimento moral. Credes que estais muito adiantados, porque fizestes grandes descobertas e invenções maravilhosas; porque vos alojais e vos vestis melhor do que os selvagens. Contudo, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando houverdes banido de vossa sociedade os vícios que a desonram e quando viverdes como irmãos, praticando a caridade cristã. Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que só percorreram a primeira fase da civilização.
         Perfeito!

          Temos os esclarecimentos necessários para compor uma civilização, mas entre o saber e o fazer interpõe-se o velho egoísmo humano, que usa o saber em proveito próprio, comprometendo o fazer.

         Entendo que o trânsito para uma verdadeira civilização implica admitir o saber como indeclinável convocação para o fazer.

          O problema está em definir bem o saber, porquanto muita gente pensa saber tudo e não sabe nada, enfeitando-se de cultura, aprendendo muito sobre os mais variados assuntos, mas permanecendo ignorante no assunto fundamental – a Vida.

         Enquanto não entendermos o que é a Vida, de onde viemos, por que estamos na Terra, para onde vamos, patinaremos em termos de saber.

         Estaremos apenas a incensar o egoísmo com a pretensão de que somos melhores do que o próximo, sem noção sequer de por que existimos.