quinta-feira, 17 de abril de 2014


OS DEMÔNIOS QUE NOS ATORMENTAM - por Sidney Francese Fernandes


As manifestações da vida espiritual estão na raiz de todas as escolas religiosas, afirma-nos Emmanuel. Moisés no Sinai, Jesus no Tabor, o Colégio Apostólico, Maomé, Francisco de Assis, Lutero, Teresa D’Ávila e muitos outros foram testemunhas ilustres dos sinais do reino dos Espíritos. O socorro às influências obsessivas também não é de agora. Já era da intimidade dos apóstolos.

E nos tempos atuais em O Livro dos Espíritos – na questão 467 e seguintes - encontramos o roteiro seguro para neutralizar a influência dos maus Espíritos: Praticando o bem e pondo em Deus a vossa confiança.

Cremos em Deus e pomos nele a nossa confiança?

Diz Tiago, em sua epístola, que fazemos bem em crer em Deus. Adverte, porém, que os demônios também o creem e estremecem, mas continuam fazendo as suas artes. 

A maioria de nós crê em Deus, mas age como se nele não acreditasse.

Esquecemo-nos de que a prática do bem - materializada pelo cumprimento de nossas obrigações, sejam elas familiares, sociais ou profissionais - nos aproxima de Deus e corta a nossa sintonia com maus Espíritos. Espíritos só se apegam aos que, pelos seus desejos, os chamam, ou aos que, pelos seus pensamentos, os atraem. Como diz Kardec, nós chamamos os Espíritos por nossos pensamentos e desejos. Isto é, não raramente, são os nossos DEMÔNIOS INTERNOS que nos atormentam, e não os desencarnados.  Não haverá trabalho de desobsessão que dê jeito em nossa vida, se não fornecermos aos bons Espíritos motivos que justifiquem a nossa libertação.

Há pouco tempo recorri a um grande médium brasileiro para auxiliar a esposa de um amigo. Mesmo sem poder prestar um atendimento presencial, ministrou um socorro de emergência, por telefone. Após marcar uma data futura, em que seria iniciado o tratamento dentro do centro espírita, fez algumas recomendações à paciente. Mais tarde, em novo contato com o médium, tomei conhecimento delas:

— O caso de nossa irmã é realmente de fundo espiritual. No entanto, para que os Espíritos possam ajudá-la ela precisa imediatamente secar lágrimas.

— Como assim? - objetei.

— A paciente precisa ligar-se a alguma instituição beneficente e passar a auxiliar o próximo necessitado, a fim de fornecer-nos elementos que nos autorizem a auxiliá-la.

Na definição de espírita aprendemos que somos identificados pela nossa transformação moral e pelo esforço que empreendemos para domar nossas más inclinações.

A superação de problemas de saúde, inquietações e influências espirituais passa pela vigilância constante para superar nossas qualidades negativas e pelo esforço na prática do bem, no limite de nossas forças, pois responderemos por todo mal que resulte de nossa omissão, conforme a questão 642, de O Livro dos Espíritos.

— Antes de ser espírita – afirma Bezerra de Menezes — eu corria atrás dos meus defeitos. Hoje fujo deles!
E nós, como estamos? Correndo atrás ou fugindo de nossas qualidades negativas?

 Na Doutrina Espírita encontro resposta para todas as minhas dúvidas. Não apenas isso. Didatas da Espiritualidade trocam em miúdos os ensinamentos do Cristo e as preciosas lucubrações de Allan Kardec.

Destaca-se, dentre eles, o rigoroso mentor espiritual de Chico Xavier, Emmanuel. Vejamos estas dicas, verdadeiros atalhos, na busca da nossa melhoria íntima, na lição Entre falsas vozes:

Ø Se a preguiça pede: DESCANSA.
Ø Responde com algum acréscimo de esforço no trabalho.


Ø Se a vaidade afirma: NÃO EXISTE MAIOR QUE TU!
Ø Responde com humildade, reconhecendo que somos meros servidores.

Ø Se o orgulho diz: NÃO CEDAS
Ø Aprende a esquecer-te, auxiliando sempre.

Ø Se o ciúme diz: A POSSE É TUA.
Ø Procure entender que o amor e o bem são bênçãos extensivas a todos

Ø Se o egoísmo te aconselha: RETÉM.
Ø Abre tuas mãos e distribui bondade com os que te cercam.

Ø Se a revolta aconselha: REAJE E REINVINDICA OS TEUS DIREITOS.
Ø Aguarda a Justiça Divina trabalhando com mais abnegação.

Ø Se a maldade sugere: VINGA-TE.
Ø Considera que mais vale amparar constantemente o companheiro, quanto temos sido auxiliados por Jesus.
OS FALSOS PROFETAS TAMBÉM VIVEM NOS RECESSOS DO NOSSO PRÓPRIO SER

Paulo, o apóstolo, também precisou lutar contra os demônios interiores que o atormentavam. "Tendo o mesmo combate que já em mim tendes visto e agora ouvis estar em mim" (Epístola ao Filipenses).

Resolveu perseguir aqueles que interpretava por inimigos da ordem estabelecida e multiplicou adversários em toda parte. Feriu, atormentou, complicou situações de amigos respeitáveis, sentenciou pessoas inocentes a inquietações inomináveis, guerreou pecadores e santos, justos e injustos... 

Surgiu, contudo, o momento em que o Senhor o convocou a outro gênero de batalha: o combate consigo mesmo.

Diz Emmanuel, na página Combate interior, psicografia de Francisco Cândido Xavier:

Chegada essa hora, Paulo de Tarso cala-se e escuta...

Quebra-se-lhe a espada nas mãos para sempre.

Não tem braços para hostilizar e sim para ajudar e servir.

Caminha, modificado, em sentido inverso.

Ao invés de humilhar os outros, dobra a própria cerviz. 

Sofre e aperfeiçoa-se no silêncio, com a mesma disposição de trabalho que o caracterizava nos tempos de cegueira. 

É apedrejado, açoitado, preso, incompreendido muitas vezes, mas prossegue sempre, ao encontro da Divina Renovação.

Se queremos proteção contra as investidas de desencarnados inferiores e se almejamos vencer nossos demônios internos, é melhor começar agora o bendito combate contra os próprios defeitos. Mais cedo ou mais tarde, pelo doce convite de algum enviado do Cristo ou pelo rude atrito das pedras do caminho, seremos chamados a semelhante serviço.

Oremos, vigiemos, afeiçoando nosso coração à humildade e à paciência. Se nem mesmo Paulo, ainda que agraciado pela visita de Jesus, escapou, que diremos de nós mesmos?

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