sexta-feira, 27 de junho de 2014

 
ENGANAR OU SER ENGANADO? - por Sidney Francese Fernandes

Levantar-se-ão vários falsos profetas, que seduzirão a muitas pessoas.
Mateus 24-11


Relações entre pessoas – cônjuges, amigos, familiares, profissionais – devem ser revestidas de recíprocos conhecimento, respeito e afetividade. Da mesma forma, relações com Espíritos precisam ser conduzidas com cuidado e honestidade, sob pena de enganarmos, enganarmo-nos ou sermos enganados.

Pessoas já se atribuíram muito poder e prestígio em função dos conhecimentos supostamente sobre-humanos que possuíam ou de uma pretensa missão divina de que seriam portadores. São esses os chamados falsos profetas, referidos por Jesus, conforme anotações de alguns evangelistas.

No meio espírita, há preocupação quase obsessiva pelo estudo. Além da reforma íntima, o apelo à necessidade de ler e se instruir é uma constante em qualquer casa ou grupamento. Justifica-se!

O conhecimento é o maior antídoto contra enganações ou falsas interpretações. O leitor acha que estou exagerando? Vou dar um singelo exemplo.

Com o recente desencarne de um parente querido, Nilva procurou a dirigente do centro que frequentava. Desejava uma vibração especial para o desencarnado.

— Não devemos! – observou peremptoriamente Tiana, líder do grupo.

— Por quê? — estranhou Nilva.

— Se pensarmos no desencarnado, ele ficará entranhado em sua casa e não lhe dará mais sossego.

Felizmente Cássio, diligente estudioso da Doutrina Espírita, que acompanhava a conversa, humildemente interferiu.

— Irmã Nilva, você está enganada. A oração é sempre bem vinda em qualquer circunstância. Sobretudo no desencarne, é um verdadeiro farol de luz para os menos esclarecidos. E quanto a um eventual apego do falecido, não se preocupe. Os mentores se encarregarão de encaminhá-lo.

Crendices, superstições e inverdades são comuns em grupos que não estudam e dão ouvidos a falsos profetas. Com o estudo, passamos a ter um novo patamar de raciocínio e observação dos fatos, analisando as coisas como realmente são e não da maneira que ignorantes ou mal intencionados pretendem, prevenindo-nos contra enganos ou manipulações.

O Espiritismo vem nos alertar para outra categoria de falsos Cristos e de falsos profetas: a dos desencarnados. Além dos médiuns que passam a mercantilizar seus dons e, com isso, provocam o afastamento dos bons Espíritos, há os Espíritos inferiores que gostam de enganar, têm vontade própria e agem como melhor lhes apraz.


Ocorreu recentemente um triste caso com médium curador. Estava ajudando muita gente, enquanto revestido de boas intenções e sincera vontade de auxiliar pessoas sofredoras. Ocorre que sua fama correu e, com isso, centenas de pessoas passaram a procurá-lo. 

A pretexto de arrecadar fundos para a entidade mantenedora dos trabalhos, passou a cobrar pelas consultas. Com isso houve o afastamento dos altos mentores que dirigiam as curas. A partir daí o falso profeta emergiu e com ele vieram as mistificações de Espíritos enganadores, hipócritas e orgulhosos.

Infelizmente ocorreu uma situação muito grave com uma das pacientes, em decorrência de tratamento indevido, o que valeu um processo penal contra o médium, por exercício ilegal da medicina.

Em situações menos graves ocorrem, no mínimo, situações bizarras e absurdas.

Antídotos: estudo, oração e vigilância!

A princípio, eram ligeiras intuições. Ainda na infância, brincava com os amigos e geralmente ganhava nas adivinhações.


Com o passar do tempo, os palpites que lhe acorriam à mente passaram a ser úteis. Na escola, então, passou a ser o campeão dos testes.

Os amigos e professores lhe atribuíam o sucesso à brilhante memória e à formidável capacidade de observar e guardar detalhes.

Assim cresceu Alexandre, brincando e abusando de seu dom de fazer escolhas certas.


Na maturidade, interessando-se em saber a origem de suas intuições, acabou deparando-se com a Doutrina Espírita. E mais, descobriu que tinha um guia protetor que o acompanhava desde o seu nascimento.

Depois de muitas tentativas, conseguiu autorização para participar de uma reunião mediúnica séria. Teve a graça de conhecer Nélio. Finalmente, podia conversar com o responsável pelas adivinhações de toda sua vida.

— Sim, Alexandre, sou seu protetor, mas, nem sempre posso estar ao seu lado.

— Por quê? - indagou Alexandre.

—Porque devo respeitar seu livre arbítrio. E porque às vezes você faz mau uso das minhas sugestões. Sou obrigado a me afastar e deixá-lo por conta própria. Quando volta a me ouvir, torno a me aproximar.

— Então sua proteção não é em tempo integral? – perguntou irônica e jocosamente Alexandre.

 — Não sou sua babá, nem seu secretário, Alexandre. Minha missão é patrocinar a sua evolução. Estou aqui para aconselhá-lo a utilizar melhor seus dons. A vulgarização do auxílio divino provoca o afastamento dos bons Espíritos. Podemos auxiliá-lo, mas não podemos evoluir em seu lugar. O mérito deve ser seu. Seja mais prudente e invista em seu crescimento.

Após aquela marcante reunião, até que Alexandre se comportou. Porém, bastava alguma dificuldade para evocar, com o pensamento, o seu protetor. Agora sabia até o seu nome.

Com o tempo, passou até a ver o seu vulto, que o acompanhava. Mas, engraçado, às vezes tinha a impressão de que eram dois protetores. — Será que Nélio havia “contratado” algum auxiliar?

Nada disso! Simplesmente, com sua instabilidade de comportamento, Alexandre atraía um Espírito terra a terra, que se predispunha a substituir Nélio, quando ele se afastava pelas defecções de seu protegido.

Mas, um dia a casa cai, como diria minha avó, com sua antiga advertência. Alexandre, sempre confiando em sua inteligência e em sua sorte, resolveu aprender a pilotar avião.

E foi muito bem mesmo. Rapaz inteligente, de boa memória e atenção, em pouco tempo já tinha o brevê em suas mãos.

Nélio continuava com seu trabalho de protetor, tentando minimizar os ímpetos aventureiros de seu tutelado.

Certa ocasião, em que Alexandre resolveu fazer um voo solo, avizinhava-se mau tempo. Nélio o advertiu:

 — Cuidado! Não seja imprudente! Não abuse de sua sorte! 

De nada adiantaram as recomendações do protetor, que se afastou, deixando-o por conta própria. Imediatamente o substituto espiritual assumiu o controle. E Alexandre prosseguiu com sua aventura.

A princípio tudo corria bem. Nas dúvidas de iniciante, sentia que o seu copiloto estava por ali e prosseguiu com a viagem. Nuvens ameaçadoras, no entanto, começaram a fechar o tempo. Avião pequeno, piloto inexperiente, logo bateu o medo.

Indagava mentalmente ao seu protetor e ele respondia com segurança: — Vá por aqui, vá por lá.

Dali a pouco, plena escuridão, instrumentos sem resposta e o combustível diminuindo...

— O que faço agora? - perguntou desesperadamente Alexandre ao seu novo mentor. 

Para seu desespero, ouviu a seguinte resposta:

— Sei lá, você tem paraquedas?

Foi a conta do desespero. Alexandre sentiu que estava nas mãos de um leviano Espírito, que se fazia de protetor. Lembrou-se das valiosas recomendações de Nélio, no contato que tivera através do aparelho mediúnico.

— A vulgarização do auxílio divino provoca o afastamento dos bons Espíritos.

Agora tinha perfeita noção de todo o ocorrido. Seu descaso com o bom senso, o mérito e a ligação com o Alto haviam-no conduzido a uma terrível situação. Sua vida estava em perigo e ele estava só.

Pouco combustível, rádio inoperante, muito chuva e nenhuma visibilidade...

Foi quando Alexandre sentiu acontecer o milagre. Viu claramente a reaproximação de Nélio. Seu semblante não inspirava qualquer crítica, somente preocupação.

Diante da possibilidade de um iminente acidente, Nélio inspirou seu pupilo a voar em círculos e a dar rajadas em baixas altitudes. Alexandre nem mesmo sabia por quê, mas sentia que Nélio sabia.

Ao perder o rumo e os aparelhos, estava sobrevoando pequena cidade que servira de campo de pouso aos aliados, na segunda guerra mundial.

Muito raramente, ali ainda aterrissavam alguns aviões para visitar o histórico local. Desciam, tiravam fotos e partiam. O velho campo de pouso mantinha-se em condições de uso graças a Alfredo. 

O velho pracinha, que havia acompanhado de perto o sacrifício dos pilotos que haviam combatido o nazismo, cuidava do aeroporto com um misto de saudosismo e respeito aos heróis de guerra. Nada ganhava por isso.

Alfredo, naquela noite, estava sem sono. Já deitado, começou a ouvir o barulho característico de um avião em apuros. Rajadas em baixas altitudes significavam aeronave sem rádio e sem combustível.

Voou com sua motocicleta ao velho aeroporto. Tinha certeza de que, do seu esforço, dependia a salvação de alguma vida.

Sabia que o seu empenho na manutenção da pista, dos fios, dos disjuntores e das velhas lâmpadas de halogêneo um dia serviriam para alguma emergência noturna.

Em menos de dez minutos, a pista do aeródromo brilhava como nos velhos tempos da guerra mundial.

Alexandre não acreditava no que via por trás do para-brisa embaçado. Na escuridão de um voo cego aparecia, distante, um corredor luminoso e salvador.

Era a vida de Alexandre que ressurgia, graças ao empenho de seu Espírito protetor. E a partir daí, como ficou a vida de Alexandre?

Entendeu que não podia mais brincar com a sorte e abusar da proteção divina. Assumindo nova postura perante a vida, despediu o desavisado protetor e passou a levar a sério as recomendações de Nélio. Sabia que estava vivo graças à sua decisiva intervenção. O milagre de sua salvação ocorrera graças à sensibilidade de um velho pracinha, que ouvira os pedidos de socorro provocados por Nélio. A partir daquele momento, sabia que havia recebido sua última chance de recuperação. Não iria desperdiçá-la.

Falsos profetas não aparecem por acaso. São convidados por nossa ignorância, nossa imprudência e a nossa falta de confiança na providência divina. Espíritos, superiores ou inferiores, devem ser respeitados e, por isso, nosso contato com eles deve ser acompanhado de cuidado e honestidade. Afinal de contas, daqui a pouco nós é que estaremos do outro lado da vida...

terça-feira, 24 de junho de 2014

CAMPEONATO DE MALDADES - Richard Simonetti

 
         – Parem o Mundo que quero descer! – dizia um amigo, horrorizado com o panorama desolador da atualidade em que, aparentemente, gênios das trevas abriram uma caixa de iniquidades para torturar a nós outros, pobres mortais.

          Filhos que matam pais; pais que agridem filhos; homens que se vestem de bombas para dizimar inocentes; traficantes que viciam incautos para ampliar a freguesia; políticos que atuam como aves de rapina sobre o erário; sequestradores que apavoram famílias para extorquir-lhes dinheiro; assaltantes que não vacilam em matar; promiscuidade sexual, promovendo a dissolução dos costumes e a disseminação de enfermidades; adultério banalizado, sugerindo normalidade; práticas abortivas amparadas por leis equivocadas.
        
         Alguém dirá que ocorrências dessa natureza sempre existiram e que, com a população da Terra chegando aos sete bilhões de habitantes, tendem a ser muito mais numerosas. Nunca, porém, nessa proporção. É como se as pessoas estivessem disputando um campeonato de maldades.

         Poderíamos justificar essa situação, atribuindo-a à reencarnação compulsória de Espíritos de evolução primária, vida instintiva, sem o senso moral a que se referia Kardec.

         Não é bem isso, ou não é apenas isso, já que esses Espíritos não vieram para gerar confusão no Mundo. Estão aqui em empenho de aprendizado, que lhes permita superar suas limitações, como todos nós.

       Considere-se, ainda, a reencarnação de Espíritos de razoável desenvolvimento intelectual, cujas maldades não podem ser atribuídas à incapacidade de distinguir o bem do mal.

         Há algo mais, leitor amigo, que podemos constatar reportando-nos à preleção de Telésforo, no livro Os Mensageiros, de André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier. Por economia de espaço, limito-me a transcrever apenas algumas de suas reveladoras observações:
   … A mente humana abre-se, cada vez mais, para o contato com as expressões invisíveis, dentro das quais funciona e se movimenta. Isto é uma fatalidade evolutiva.
   …A humanidade terrena aproxima-se, dia a dia, da esfera de vibrações dos invisíveis de condição inferior, que a rodeia em todos os sentidos. Mas, segundo reconhecemos, esmagadora percentagem de habitantes da Terra não se preparou para os atuais acontecimentos evolutivos.
   …vemos agora a criatura terrestre assoberbada de problemas graves, não só pelas deficiências de si própria, senão também pela espontânea aproximação psíquica com a esfera vibratória de milhões de desencarnados, que se agarram à Crosta planetária, sequiosos de renovar a existência que menosprezaram, sem maior consideração aos desígnios do Eterno.

   Estamos cada vez mais ligados ao mundo espiritual e sensíveis à sua influência. O problema é que não estamos preparados para lidar com esse desafio. Ainda estamos mais perto da animalidade do que da angelitude. Por isso sintonizarmos mais facilmente com as forças das sombras, assimilando sua influência. Dá para entender por que há tanta confusão no Mundo hoje.

         Mais do que nunca, impõe-se a recomendação de Jesus: orai e vigiai. Vigiar nossos pensamentos, nossos impulsos e orar muito, com o fervor do cristão autêntico, que busca o equilíbrio necessário para enfrentar os desafios da atualidade, sem nos deixarmos envolver pelas pressões da espiritualidade inferior. 
         Em meio às ardências do deserto, o viajor busca o conforto do oásis, onde pode saciar a sede e descansar. Em meio às perturbações da sociedade atual, há oásis abençoados de espiritualidade, que podemos buscar na atividade religiosa, no lar orientado pelo Evangelho e, em última instância, na intimidade de nossas almas, superando os enganos do mundo.

         Se o reino de Deus que Jesus veio trazer está longe de ser instalado no Mundo, podemos instalá-lo em nosso próprio coração, com os valores de uma dedicação total ao Bem, eximindo-nos, por mera questão de sintonia vibratória, das influências nocivas que nos cercam, habilitando-nos ao equilíbrio e à paz, mesmo em meio às turbulências do mundo atual.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

EM DESOBSESSÃO

Pelo Espírito Albino Teixeira. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Livro: Paz e Renovação. Lição nº 04. Página 23.

Aqueles companheiros na Terra:

- que nos desfiguram as melhores intenções;

- que nos falham à confiança;

- que nos criam problemas;

- que nos abandonam na hora difícil;

- que nos induzem à tentação;

- que nos impõem prejuízos;

- que nos criticam os gestos;

- que nos desencorajam as esperanças;

- que nos desafiam à cólera;

- que nos dificultam o trabalho;

- que nos agravam os obstáculos;

- que nos perseguem ou injuriam;

são geralmente os examinadores utilizados pela Espiritualidade Maior - através do mecanismo das provas - a fim de saber como vamos seguindo na obra libertadora da própria Desobsessão.

Renteando com Eles, acalme-se, observe, aproveite, agradeça e abençoe...

terça-feira, 17 de junho de 2014

OS TRANSPORTES DA FÉ - Richard Simonetti

 
Era uma comunidade agonizante. Apenas sete fiéis na igreja enorme, que outrora abrigava centenas de pessoas nas missas domingueiras. É que as fábricas invadiram o bairro, transformando-o em distrito industrial. Raras pessoas continuavam residindo ali.

O novo padre concluiu que a solução seria transferir a igreja para novo local. Os fiéis duvidaram. Afinal, eram tão poucos!...

– É preciso ter fé! Conseguiremos com a Prefeitura um terreno no local desejado – afirmou, convicto, o sacerdote. 

– Como contrataremos o pessoal que vai trabalhar na construção? – objetaram os fiéis. – Os recursos são escassos!

– Com fé haveremos de formar uma equipe. Começaremos com nosso próprio esforço. Seremos os pedreiros e carpinteiros, eletricistas e pintores. Faremos mutirões. Convocaremos o pessoal que reside nas proximidades. Arrastaremos todos com o nosso exemplo!...

– E o material? – reclamam os fiéis. – Nossa “caixa” não seria suficiente nem mesmo para a edificação de um casebre!

– Com fé tudo dará certo! Temos quase tudo de que precisamos na atual igreja. Vamos desmontá-la, inteirinha, tijolo por tijolo, telha por telha, pedra por pedra, e a reconstruiremos no local escolhido.

E assim foi feito. Alguns homens vacilantes, a princípio; depois dezenas, empolgados pela fé sem limites de um padre decidido.

 Em dois anos desaparecia a velha igreja, que ressurgia nova, bela, muito amada por ampla comunidade de fiéis, porque em cada pedaço dela estava um pouco do esforço e da boa vontade de todos.

Ter fé é guardar a certeza de que com a proteção de Deus nada se situa impossível àquele que se movimenta, que mobiliza suas potencialidades criadoras em favor do objetivo desejado.

O homem de fé verdadeira transporta montanhas, como dizia Jesus, sustentado pela certeza de que o Senhor lhe dará forças para carregar a terra, pá a pá, carrinho a carrinho, caminhão a caminhão, pelo tempo necessário até completar a transferência desejada.

segunda-feira, 16 de junho de 2014


PROGRAMA DE PAZ

Pelo Espírito André Luiz. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Livro: Passos da Vida. Lição nº 08. Página 34.

Cumprir o próprio dever. Ninguém tranquiliza ninguém, sem trazer a consciência tranqüila.

Usar boas palavras e bons modos. Qualquer viajante da estrada sabe afastar-se do pé de laranja azeda.

Desconhecer ofensas. A vida não constrange criatura alguma a passar recibo numa serpente para atormentar-se com ela.

Auxiliar indistintamente. Se a fonte escolhesse os elementos a que prestar benefício, decerto que a Terra seria, francamente, um planeta inabitável.

Não censurar. A crítica nos traça a obrigação de fazer melhor do que aqueles que nós reprovamos.

Abençoar sempre. Qualquer trato de solo agradece o adubo que se lhe dê.

Jamais vingar-se. Pessoa alguma consegue ajudar a um doente, fazendo-se mais doente ainda.

Amar os inimigos. A obra prima de escultura nasce no sonho do artista que a concebe, mas não dispensa o concurso do buril que lhe dá forma.

Não se lastimar por fracasso do caminho. O Sol, em cada hemisfério do mundo, começa a trabalhar de novo, diariamente.

Saber cooperar, a fim de receber cooperação. O próprio Cristo não consegue sozinho realizar a obra de redenção da Humanidade e, em iniciando o seu apostolado na Terra, procurou doze companheiros que lhe serviram de base à divina missão.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Uma declaração de amor – Orson Peter Carrara

            Você conhece Tales e Nelly? Ele, 76 anos; ela, 74. Um amor construído ao longo de larga convivência, com os filhos e netos que vieram, e que nasceu durante o velório dos pais de Tales, mortos em acidente automobilístico. Os pais eram sócios durante a infância dos filhos, se desentenderam, ficando um clima difícil entre as famílias e especialmente na pequena cidade onde todos se conheciam. Tales e Nelly tiveram pouco relacionamento durante a infância e a adolescência, mas o reencontro na troca de olhares durante o triste episódio da partida dos pais do rapaz, desencadeou uma série de novos encontros que culminaram com o casamento e especialmente com a paz entre as duas famílias.

          Mas Nelly morreu primeiro. Um AVC levou a esposa de Tales que, sem revolta, mas com imensa tristeza, continuou sua vida de homem bom – sempre voltado às causas de servir o próximo. Dessa postura cristã surgem os desdobramentos que lhe permitiram colher resultados felizes mesmo na ausência da esposa querida, com emoções que vão surpreender o leitor.

             Sim, refiro-me ao romance Uma declaração de amor, do notável amigo e escritor Wilson Frungilo Jr., de Araras-SP, um especialista em textos que não deixam a gente parar de ler, tamanho o envolvimento que vai criando em nossa mente, na expectativa de saber o que vem pelas próximas páginas e nos capítulos seguintes.

            Ocorre que os personagens não enganaram a morte, apenas acreditaram na vida. Utilizando-se da possibilidade da emancipação da alma durante o sono do corpo, Tales passou a encontrar-se com Nelly. Embora não se recordasse dos diálogos que mantinham, quando acordava no dia seguinte, tais encontros aliviavam a saudade de ambos e traziam conforto especialmente ao viúvo que continuava sua vida com os afazeres normais do cotidiano.

            Com um final emocionante, inimaginável conforme se segue a leitura – mas perfeitamente possível e explicado pelas já conhecidas leis de comunicação entre os dois planos de vida – o belo romance é um refrigério para a alma humana nesses tempos bicudos de preocupações, tal a emoção que traz ao coração nos suaves contornos da esperança e no poderoso estímulo para a conduta honesta e volta para o bem de si mesmo e do próximo.

            Não resisti ao desejo de sugerir o romance ao leitor. É um livro que todo mundo deve ler. Seu conteúdo muito sensibiliza, traz inúmeras explicações sobre a velha e dolorida questão da separação de entes queridos pelo fenômeno biológico da morte e reacende de forma expressiva as esperanças de quem está saudoso e sofrido pela partida do ente querido.     
  

quarta-feira, 11 de junho de 2014


VIRA UM LAR – Richard Simonetti

A senhora encontrou-se com Chico Xavier na rua. Ficou muito feliz. Após alguns minutos de bate-papo amigo, o médium convidou: – Vamos tomar um cafezinho no bar. Ela estranhou, cogitando, intimamente: “Logo num bar? O ambiente ali deve ser péssimo”.
– Chico, vamos à minha casa. Fica perto. Lá estaremos à vontade. Ao que o grande discípulo do Cristo, demonstrando ter lido seu pensamento, respondeu bem-humorado:
– Minha filha, quando um espírita entra num bar, ele vira um lar.
Como sempre, temos um ensinamento profundo na observação de Chico, apresentado na simplicidade de suas expressões. Frequentemente ouvimos pessoas reclamarem que enfrentam problemas sérios de influências espirituais, em face de contaminação em ambientes por onde andam. Impressionáveis, sem controle sobre suas emoções, afirmam:
– Não entro em locais profanos, como bares, restaurantes, lanchonetes… Vibrações deletérias…
Na atividade profissional: – Não suporto o ambiente na empresa em que trabalho. Muita fofoca, palavrões, conversa fiada, gente mal orientada…
Até na atividade religiosa: – Vai mal o grupo. Infindáveis discussões e divergências. O pessoal não se entende.
Se levarmos às últimas consequências essa postura, o ideal será mudar de planeta. Segundo nos informam os mentores espirituais, a Terra é um mundo de provas e expiações, habitado por Espíritos orientados pelo egoísmo, cujas vibrações mentais são tão densas que todo o planeta é circundado pela escuridão.
No livro Renúncia, psicografia de Francisco Cândido Xavier, Emmanuel reporta-se à Terra como a região das faixas negras.
Valha-nos Deus!
Imperioso considerar, amigo leitor, que mais importante do que o ambiente por onde transitamos é o ambiente que cultivamos.
Se estivermos bem psiquicamente, nenhuma vibração, nenhuma densidade fluídica, nenhuma influência espiritual nos afetará. Pelo contrário, nós influenciaremos o ambiente e as pessoas, porquanto é elementar que a luz sempre espanta as trevas.
Nossa estabilidade íntima e nosso equilíbrio emocional não podem, portanto, estar condicionados aos ambientes da Terra. Devem ser resguardados pelo exercício da oração e de todas as virtudes preconizadas e exemplificadas por Jesus ao longo de seu abençoado apostolado.
Em inúmeras oportunidades, Jesus transmitiu orientações aos discípulos quanto ao seu procedimento na divulgação da Boa Nova, em que haveriam de enfrentar a hostilidade de inimigos gratuitos. O Mestre recomendava (Mateus, 10:12-13): E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a. Se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz.
Está aí uma boa medida, capaz de nos preservar em qualquer lugar por onde transitemos. Saudemos as pessoas desejando:
– A paz esteja com todos!
Obviamente, façamos isso em pensamento, a fim de que não nos confundam com delirante pregador evangélico. Se os que ali se encontram forem receptivos às nossas vibrações, ótimo! Depuraremos o ambiente. Se não nos receberem bem, ainda assim teremos o melhor – a paz não nos deixará.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

O EFEITO DA CÓLERA

Pelo Espírito Meimei. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Livro: Pai Nosso. Sexta Parte - Lição nº 28. Página 74.

Um velho judeu, de alma torturada por pesados remorsos, chegou, certo dia, aos pés de Jesus, e confessou-lhe estranhos pecados. Valendo-se da autoridade que detinha no passado, havia despojado vários amigos de suas terras e bens, arremessando-os à ruína total e reduzindo-lhes as famílias a doloroso cativeiro. Com maldade premeditada, semeara em muitos corações o desespero, a aflição e a morte.

Achava-se, desse modo, enfermo, aflito e perturbado...

Médicos não lhe solucionavam os problemas, cujas raízes se perdiam nos profundos labirintos da consciência dilacerada.

O Mestre Divino, porém, ali mesmo, na casa de Simão Pedro, onde se encontrava, orou pelo doente e, em seguida, lhe disse:

- Vai em paz e não peques mais.

O ancião notou que uma onda de vida nova lhe penetrara o corpo, sentiu-se curado, e saiu, rendendo graças a Deus.

Parecia plenamente feliz, quando, ao atravessar a extensa fila dos sofredores que esperavam pelo Cristo, um pobre mendigo, sem querer, pisou-lhe num dos calos que trazia nos pés.

O enfermo restaurado soltou um grito terrível e atacou o mendigo a bengaladas.

Estabeleceu-se grande tumulto.

Jesus veio à rua apaziguar os ânimos.

Contemplando a vítima em sangue, abeirou-se do ofensor e falou:

- Depois de receberes o perdão, em nome de Deus, para tantas faltas, não pudeste desculpar a ligeira precipitação de um companheiro mais desventurado que tu?

O velho judeu, agora muito pálido, pôs as mãos sobre o peito e bradou para o Cristo: - Mestre, socorre-me!... Sinto-me desfalecer de novo... Que será isto?

Mas, Jesus apenas respondeu, muito triste: - Isso, meu irmão, é o ódio e a cólera que outra vez chamaste ao próprio coração.

E, ainda hoje, isso acontece a muitos que, por falta de paciência e de amor, adquirem amargura, perturbação e enfermidade.

terça-feira, 3 de junho de 2014

FUTEBOL - Richard Simonetti
1 – O acontecimento mais importante do esporte, a Copa do Mundo de Futebol, que empolga todos os povos, atrai também a atenção dos Espíritos?

                     Depende. Espíritos Superiores, dedicados aos serviços do Bem, em permanente aperfeiçoamento espiritual, sobrepõem-se a esses eventos. Espíritos ainda ligados à existência física empolgam-se com eles.

2 – Torcem por seus países? Comparecem aos estádios?

                    Considerando que podem viajar de graça e entrar nos estádios sem pagar ingresso, é bem provável que engrossem as respectivas torcidas, assistindo com emoção aos jogos.

3 – Como está na questão 459, de O Livro dos Espíritos, é grande a influência que recebemos da espiritualidade. É possível, assim considerando, que os Espíritos possam influenciar no resultado de uma partida?

               Um treinador de futebol dizia que se essa ação espiritual tivesse alguma influência no resultado, todos os jogos terminariam empatados na Bahia, porquanto é prática comum, envolvendo as torcidas, rituais e despachos, evocando a proteção de entidades espirituais.

4 – Nas cinco copas vencidas pelo Brasil houve uma repercussão benéfica, um clima de euforia que favoreceu a própria economia. Não haveria aí a ação da Espiritualidade Maior, em benefício do país?
                     Se assim fosse, seria mais justo e sensato que os Espíritos Superiores favorecessem países africanos paupérrimos, que têm participado da competição sem jamais chegar sequer às finais.

5 – Não podem Espíritos presentes no campo aproximar-se dos jogadores, ajudando-os, por exemplo, a marcar “aquele” gol, tão impossível que se fala em “gol espírita”?
                     A ação numa partida de futebol é muito rápida. Não dá para um Espírito influenciar o jogador para que faça determinada jogada, que o goleiro execute determinada ação, que o atacante chute de determinada forma ou execute determinado drible.

6 – A torcida é o chamado décimo segundo jogador, pelos estímulos que oferece aos jogadores. Não podem os Espíritos, talvez com maior propriedade, organizar-se para vibrar em favor de determinado time?
                     É até possível que aconteça, não no sentido de determinar o resultado da partida, mas de favorecer os jogadores para que se sintam mais animados e eficientes e possam disputar uma boa partida, sem complicações, sem contusões. Isto, naturalmente, vai depender do fator sintonia. Digamos que o jogador habituado à oração receberá melhor esses estímulos, o que o favorecerá, principalmente em relação à sua integridade física.

7 – A que você atribui o sucesso do Brasil nas copas do mundo?
                     A um processo de seleção natural. O futebol é o esporte mais popular do país, praticado por milhões de brasileiros. Quanto mais gente dedicada a determinada atividade esportiva, maior a quantidade de jogadores competentes. É a mesma razão pela qual os americanos são imbatíveis no basquete, e os russos são imbatíveis no xadrez.

8 – Ganharemos a Copa?
                      Vamos torcer! Mas há um campeonato infinitamente mais importante, em que devemos nos empenhar para que nosso país faça boa figura. O campeonato da qualidade de vida, com mobilização de recursos que permitam à população viver em padrões de dignidade humana, atendidas as necessidades básicas de saúde, habitação e educação, numa sociedade organizada em termos de honestidade e justiça. Aqui ainda perdemos feio
!        

domingo, 1 de junho de 2014

NA EDIFICAÇÃO DA FÉ

Pelo Espírito Emmanuel. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Livro: Servidores No Além. Lição nº 03. Página 29.

 Ninguém edificará o santuário da fé no coração, sem associar-se, com toda alma, naquilo que é belo e de superior dentro da vida.

Para alcançar, porem, a divina construção, não nos bastam os primores intelectuais, a eloquência preciosa, o êxtase contemplativo ou a desenvoltura dos cálculos no campo da inteligência.

Grandes gênios do raciocínio são, por vezes, demônios da miséria e da morte.

Admiráveis doutrinadores, em muitas ocasiões, são vitrines de palavras brilhantes e vazias.

Muitos adoradores da Divindade, frequentemente mergulham-se na preguiça a pretexto de cultuar a Glória Celeste.

Famosos matemáticos, não raro, são símbolos de sagacidade e exploração inferior.

Amemos o trabalho que a Eterna Sabedoria nos conferiu, onde nos situamos, afeiçoando-nos à sua execução sempre mais nobre, cada dia, e seremos premiados pela grande compreensão, matriz abençoada de toda a confiança, de toda a serenidade e de todo o engrandecimento do espírito.

Para penetrar os segredos da estatuária, o escultor repete os golpes do buril milhares de vezes.

Para produzir o vazo de que se orgulhará em missão bem cumprida, o oleiro demora-se infinitamente ao contato da argila.

Para expor as peças com que enriquecerá o conforto humano, o carpinteiro, de mil modos, recapitulará, o aprimoramento do tronco bruto.

Não te queixes se a fé ainda te não coroa a razão.

Consagra-te aos pequeninos sacrifícios, na esfera de tuas diárias obrigações; à frente dos outros, cede de ti mesmo, exercita a bondade, inflama o otimismo por onde passes, planta a gentileza de teus sonhos, movimenta-te no ideal de sublimação que elegeste para alvo de teu destino...

Aprende a repetir para que te aperfeiçoes...

Não vale fixar indefinidamente as estrelas, amaldiçoando as trevas que ainda nos cercam.

Acendamos a vela humilde de nossa boa vontade, no chão de nossa pobreza individual, para que as sombras terrestres diminuam e o esplendor solar sintonizar-te-á com a nossa flama singela.

A tomada insignificante é o refletor da usina, quando ligada aos seus poderosos padrões de força.

Confessemos Jesus em nossos atos de cada hora, renovando-nos com Ele e sofrendo felizes em seu roteiro de renunciação, auxiliando a todos e servindo, cada vez mais, em Seu Nome, e, de inesperado, reconheceremos nossa alma inundada por alegria indizível e por silenciosa luz...

É que o trabalho de comunhão com o Mestre terá realizado em nós a sua obra gloriosa, e a fé perfeita e divina, por tesouro inalienável, brilhará conosco, definitivamente incorporada à nossa vida e ao nosso coração.