terça-feira, 22 de outubro de 2013

Cenoura, ovos ou chá?
Orson Peter Carrara

       A mulher estava inconformada com as dificuldades diárias, dos problemas que se acumulam, das perspectivas difíceis do futuro, sentindo-se desanimada. Desabafando com um sábio, foi convidada a analisar três panelas de água fervente. Uma delas continha cenoura, outra continha ovos e a terceira continha chá.

      O sábio pediu que observasse e comentou: As cenouras amolecem, os ovos endurecem e o chá impregna a água com sua cor, seu aroma e seu gosto.

      A água fervente significa a série de obstáculos e dificuldades sempre presentes. Como reagimos? Amolecemos, entregando-nos à tristeza ou à depressão ou endurecemos tornando-nos ásperos e duros no relacionamento, como o ovo? Não seria melhor aproveitarmos a "fervura" das adversidades, aprendermos com ela e aproveitarmos para espalhar nosso aroma, nosso gosto, impregnando o ambiente com nossa coragem e determinação.

      Ora, trata-se de uma reação determinada. Ao invés de entregar os pontos e permanecer triste, deprimido; ao invés de reagir violentamente contra os outros, porque não impregnarmos o obstáculo com nossa dignidade, coragem e postura ativa para alterar a situação difícil?

      Temos encontrado muita depressão nos diálogos de pessoas que nos buscam. Dizemos sempre que não vale a pena entregar-se à tristeza ou ao desânimo. A vida é muito mais que convites para o desânimo. A vida é bela demais, é abundante demais, é extremamente valorosa e valiosa para ser vivida aos lamentos. Nada disso!

      Antes de tudo, coragem! Muita coragem! Ela, a coragem, aquela de enfrentarmos a nós mesmos (não os outros), é que nos mostrará os caminhos da superação. Vencer o comodismo, vencer a timidez, vencer o medo, vencer a baixa autoestima, vencer resistências, e por fim... vencer o egoísmo, o orgulho, eis o caminho do equilíbrio e da saúde. E, aprender sempre. Procurar, pesquisar, estudar, entender. Isso nos trará a paz que precisamos. Porque a paz não é a ausência de dificuldades, mas a consciência limpa do dever cumprido, a consciência interior de que se está fazendo o melhor ao nosso alcance. Em nosso favor e a favor da coletividade. Sim, porque viver isolado, esquecido dos deveres para com o próximo, indiferente às dificuldades alheias, é também mergulhar na depressão, na tristeza, no vazio existencial que aflige tanta gente.

      Por isso, mãos dadas com o trabalho. Mãos dados com o interesse próprio de sempre aprender algo novo. Nada de se entregar. Isto é para os fracos e como não existem fracos, mas apenas acomodados e adormecidos, sejamos daqueles que despertam e vão à luta. Sem medo ou vacilações.


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