sexta-feira, 14 de março de 2014

O ÓBVIO - por Richard Simonetti
        Alguém perguntou a Chico Xavier:
        – Qual o homem mais rico?
        – O que tem menos necessidades.
        – E o homem mais justo e sábio?
        – O que cumpre com o dever.
        – Isso tudo é o óbvio…
        – Meu filho, tudo que está no Evangelho é o óbvio.
        Observação perfeita!
        No livro Eclesiastes, no Velho Testamento, há uma observação muito citada (1:9): Não há nada de novo debaixo do Sol.
        Em se tratando da sabedoria humana, nos domínios do Bem e da Verdade, bem como as conquistas sociais, nos domínios da justiça, da vida social, da atividade religiosa, no que há de mais puro e inspirador, não há nada de novo depois do Evangelho.
        Todas essas realizações guardam suas origens nos ensinamentos de Jesus. Como diz Chico, isso será sempre o óbvio.
        No comentário à questão 625, de O Livro dos Espíritos, Kardec explica que sendo Jesus o mais puro Espírito que já esteve na Terra, o próprio Criador o inspirava, o que significa que o Evangelho é o código do amor divino, base fundamental de todas as realizações mais nobres da Humanidade.
        Dois exemplos práticos:
        Serviço Social: Certa feita, participando de um curso de relações humanas no trabalho, observei, admirado, que tudo o que o monitor expunha, em favor de uma convivência produtiva entre funcionários e chefes, guardava relação com o Evangelho.
        Munido de uma chave-bíblica, eficiente recurso de localização de textos na Bíblia, estabeleci um confronto entre as teorias do curso e as lições de Jesus. Apresentei o resultado numa das aulas. O monitor e os colegas ficaram admirados ao constatar que, sem que fosse usado o nome de Jesus, muito de suas lições estavam contidas no curso.
        Direito: A justiça brasileira vem aplicando as chamadas penas alternativas para determinados crimes. Sabemos que as prisões são escolas de criminalidade. O sentenciado costuma sair dali pior do que entrou, sob influência do ambiente que é medonho. Assim, em vez de confinar o infrator, gerando problemas para o futuro, com quase inevitável reincidência, o juiz determina que ele preste serviços comunitários, colaborando em instituições filantrópicas.
        Ensinava Jesus (Mateus, 5:20): Pois vos digo que se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus.
        A justiça dos escribas e fariseus é a do olho por olho, dente por dente, de Moisés, cheirando a vingança. A sociedade vinga-se do infrator confinando-o. É preciso ir além, considerando sua condição e suas limitações, lembrando ainda com Jesus (Mateus, 9:12): Os sãos não precisam de médico.
        Quando a justiça humana recorre às penas alternativas está dando ao infrator o melhor remédio – o compromisso de um trabalho, atendendo a uma instituição que serve à comunidade. Isso é de inspiração evangélica.
        O Centro Espírita Amor e Caridade, em Bauru, tem acolhido sentenciados em penas alternativas.  São pessoas do bem, diríamos, que deram um passo em falso. Cumprem pena prestando serviços na instituição e posteriormente, não raro, tornam-se voluntários. Há um excelente funcionário que começou a trabalhar como sentenciado. Se tivesse sido confinado numa penitenciária, só Deus sabe o que poderia lhe acontecer.
        Tudo o que de bom e belo há na sociedade humana vem das sementes lançadas por Jesus, em favor da construção do Reino de Deus. Lentamente, com imensa dificuldade, vamos tendo uma harmonização entre a orientação do Homem na vida social, e a orientação de Jesus, para que finalmente o Reino se consume.
        Em O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec debulha para nós as lições de Jesus, mostrando-nos como podemos estender o Bem ao redor de nossos passos para que o Bem se realize em nós.
        Como diria Chico: – Isso tudo é o óbvio!

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