quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

GENEALOGIA ESPIRITUAL - Richard Simonetti

Abraão gerou Isaque.

Isaque gerou Jacó.

Jacó gerou Judá.

Judá gerou Farés.

Farés gerou Esrom.

Esrom gerou Arão.

Arão gerou Aminadabe.

Aminadabe gerou Nasom.

Nasom gerou Salmom.

Salmom gerou Booz.

Booz gerou Obed.

Obed gerou Jessé.

Jessé gerou Davi.

Davi gerou Salomão.

Salomão gerou Roboão.

Roboão gerou Abias.

Abias gerou Asafe.

Asafe gerou Josafá.

Josafá gerou Jorão.

Jorão gerou Ozias…


Fique tranqüilo, caro leitor.

Não estou ensaiando nenhum rap.

Apenas transcrevo o início da Genealogia de Jesus, no capítulo I, do Evangelho de Mateus, em que desfilam quarenta e duas gerações, desde o patriarca Abraão, culminando com o nascimento do filho de José.

A maneira como é apresentada a sequência de nomes lembra esse ritmo que faz sucesso atualmente.

Parece-me pouco provável que o evangelista, ao redigir suas anotações, guardasse a preocupação e muito menos a possibilidade de uma pesquisa sobre o assunto.

Não posso imaginar Mateus buscando supostos alfarrábios no Templo, em Jerusalém ou alhures, para compor uma árvore genealógica de Jesus. Estamos diante de uma interpolação, algo que foi enfiado no Evangelho com o objetivo de consagrá-lo como um legítimo representante da raça, o esperado Messias.

Natural essa preocupação.

A primitiva comunidade cristã era composta por expressiva maioria de judeus. Estes estavam longe de compreender que a doutrina de Jesus transcendia as estreitas concepções do judaísmo dominante.

Caberia a Paulo, o extraordinário bandeirante do Evangelho, defender a ideia vitoriosa de que o Evangelho tinha um caráter universalista. Destinava-se a todos os povos.

O religioso ortodoxo sempre considerará uma heresia qualquer dúvida quanto à legitimidade dos textos evangélicos. Não obstante, os exegetas, estudiosos que se debruçam sobre eles, em exaustivas e minuciosas análises, demonstram, com apoio da lógica e do bom senso, que isso ocorreu frequentemente.

Nem sempre os copistas, encarregados de reproduzi-los, agiam com eficiência, em virtude de suas próprias limitações; nem sempre exercitavam fidelidade ao texto, atendendo aos interesses da época.

Destaque-se que os exemplares mais antigos dos Evangelhos datam do século V. Ocorreram tantas adulterações, antes da redação definitiva, que exegetas mais drásticos como Renan põem a mão no fogo, quanto à autenticidade, apenas por O Sermão da Montanha.

Neste aspecto é importante lembrar Kardec, na introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo:

Podem dividir-se em cinco partes as matérias contidas nos Evangelhos:

Os atos comuns da vida do Cristo; os milagres; as predições; as palavras que foram tomadas pela Igreja para fundamento de seus dogmas e o ensino moral.

As quatro primeiras têm sido objeto de controvérsias; a última, porém, se conservou constantemente inatacável.

Diante desse código divino, a própria incredulidade se curva. É terreno onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o qual podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas crenças, porquanto jamais ele constituiu matéria das disputas religiosas, que sempre e por toda a parte se originaram das questões dogmáticas.

Mais adiante, observa o codificador:


Para obviar a esses inconvenientes, reunimos, nesta obra, os artigos que podem compor, a bem dizer, um código de moral universal, sem distinção de culto.

Nas citações, conservamos o que é útil ao desenvolvimento da ideia, pondo de lado unicamente o que não se prende ao assunto.

Assim, Kardec sabiamente privilegia a moral evangélica, comentando-a à luz dos princípios espíritas e se inspirando nas dissertações dos Espíritos que o assistiam, várias delas incluídas na obra.

A moral evangélica – um bom tema para nossas reflexões neste mês de dezembro, em que os Sinos de Belém lembram a chegada do Celeste Mensageiro.


         

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