quinta-feira, 26 de setembro de 2013

AMIGOS DO CRISTO - por Richard Simonetti
         A atividade de Chico era exaustiva, longas psicografias, multidões a atender, horas intermináveis, madrugada adentro...
         Perguntaram-lhe como conseguia manter-se firme, sereno, atencioso, ligado no trabalho...
         O médium respondeu numa única palavra:
         – Aceitação.
         Em meus tempos de bancário, funcionário do Banco do Brasil, deparava-me com colegas insatisfeitos, não obstante trabalharem na maior instituição financeira do país, que remunerava regiamente seus funcionários.
         Conversávamos a respeito.
         Eu dizia:
         – Ruim para você e para o Banco trabalhar de má vontade, insatisfeito, como se estivesse carregando o peso do Mundo nas costas.
         E vinha a ladainha:
         – Odeio o serviço bancário! A chefia é incompetente e autoritária! Acho horrível a escravidão do horário!
         – Então, meu caro, por que não pede demissão e vai cuidar da vida? Você não é obrigado a vincular-se a um serviço que lhe é indesejável!
         Na verdade, contam-se nos dedos os que enxergam no serviço bancário a profissão ideal.
         Rotinas cansativas, salário insatisfatório, excesso de trabalho, jornadas além do horário normal, pressões da administração…
         Aqui entra a aceitação de que fala Chico.
         Em qualquer atividade, podemos não estar fazendo o que gostamos, mas é fundamental aprender a gostar do que fazemos, cumprindo nossas funções com diligência e serenidade, em nosso próprio benefício.
         Não obstante, é preciso definir bem essa questão, considerando que há dois tipos de aceitação:
Estática.
         A pessoa faz o que lhe pedem, sem usar a imaginação. Não pensa em melhorar, em produzir mais. Não se empenha.
         É o burocrata comprometido com preguiçosa rotina, entediado com as tarefas que lhe foram confiadas.
Dinâmica
         A pessoa considera as necessidades do serviço e procura fazer o melhor, aprimorando-se, produzindo cada vez mais.
         É o servidor dotado da imaginação criadora e produtiva de quem ama o que faz.
         Há quem adote no Centro Espírita uma participação estática.
         Considera que é preciso trabalhar no campo do Bem, fazer algo em favor do semelhante...
         Essa aceitação de tarefas por mera obrigação é indesejável.
         São os voluntários que, invariavelmente, fazem menos do que lhe foi confiado, na base do chegar depois e sair antes.
         Lembram a expressão evangélica (Lucas, 17:10):
         …quando fizerdes tudo que vos foi mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos somente o que devíamos fazer.
         Melhor é a aceitação dinâmica das tarefas, inspirada no amor ao serviço.
         É o voluntário que se empenha, que vibra com seu trabalho, que sempre chega mais cedo e não tem pressa de sair.
         Este atinge o patamar ideal, algo bem mais importante do que um simples servidor, conforme afirma Jesus (João, 15:14 e 17):
         Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.
         E explica o que espera de nós:
         Amai-vos uns aos outros.
         Na dinâmica do trabalho, estaremos sempre servindo a alguém, seja na atividade profissional, no lar, na sociedade, na instituição filantrópica.
         Se o fizermos com amor, faremos bem feito.
         Mais que isso, será ao próprio Cristo que estaremos servindo.
         Era o que Chico fazia.
         Por isso, não lhe pesavam os compromissos e dificuldades.

         Exercitava a aceitação dinâmica de quem ama o que faz pelo próximo, porque o próximo ama.

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