AMIGOS
DO CRISTO
- por Richard Simonetti
A
atividade de Chico era exaustiva, longas psicografias, multidões a atender,
horas intermináveis, madrugada adentro...
Perguntaram-lhe
como conseguia manter-se firme, sereno, atencioso, ligado no trabalho...
O
médium respondeu numa única palavra:
–
Aceitação.
Em
meus tempos de bancário, funcionário do Banco do Brasil, deparava-me com
colegas insatisfeitos, não obstante trabalharem na maior instituição financeira
do país, que remunerava regiamente seus funcionários.
Conversávamos
a respeito.
Eu
dizia:
–
Ruim para você e para o Banco trabalhar de má vontade, insatisfeito, como se
estivesse carregando o peso do Mundo nas costas.
E
vinha a ladainha:
–
Odeio o serviço bancário! A chefia é incompetente e autoritária! Acho horrível
a escravidão do horário!
–
Então, meu caro, por que não pede demissão e vai cuidar da vida? Você não é
obrigado a vincular-se a um serviço que lhe é indesejável!
Na
verdade, contam-se nos dedos os que enxergam no serviço bancário a profissão
ideal.
Rotinas
cansativas, salário insatisfatório, excesso de trabalho, jornadas além do
horário normal, pressões da administração…
Aqui
entra a aceitação de que fala Chico.
Em
qualquer atividade, podemos não estar fazendo o que gostamos, mas é fundamental
aprender a gostar do que fazemos, cumprindo nossas funções com diligência e
serenidade, em nosso próprio benefício.
Não
obstante, é preciso definir bem essa questão, considerando que há dois tipos de
aceitação:
Estática.
A
pessoa faz o que lhe pedem, sem usar a imaginação. Não pensa em melhorar, em
produzir mais. Não se empenha.
É
o burocrata comprometido com preguiçosa rotina, entediado com as tarefas que
lhe foram confiadas.
Dinâmica
A
pessoa considera as necessidades do serviço e procura fazer o melhor,
aprimorando-se, produzindo cada vez mais.
É
o servidor dotado da imaginação criadora e produtiva de quem ama o que faz.
Há
quem adote no Centro Espírita uma participação estática.
Considera
que é preciso trabalhar no campo do Bem, fazer algo em favor do semelhante...
Essa
aceitação de tarefas por mera obrigação é indesejável.
São
os voluntários que, invariavelmente, fazem menos do que lhe foi confiado, na
base do chegar depois e sair antes.
Lembram
a expressão evangélica (Lucas, 17:10):
…quando
fizerdes tudo que vos foi mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos somente
o que devíamos fazer.
Melhor
é a aceitação dinâmica das tarefas, inspirada no amor ao serviço.
É
o voluntário que se empenha, que vibra com seu trabalho, que sempre chega mais
cedo e não tem pressa de sair.
Este
atinge o patamar ideal, algo bem mais importante do que um simples servidor,
conforme afirma Jesus (João, 15:14 e 17):
Vós
sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.
E
explica o que espera de nós:
Amai-vos
uns aos outros.
Na
dinâmica do trabalho, estaremos sempre servindo a alguém, seja na atividade
profissional, no lar, na sociedade, na instituição filantrópica.
Se
o fizermos com amor, faremos bem feito.
Mais
que isso, será ao próprio Cristo que estaremos servindo.
Era
o que Chico fazia.
Por
isso, não lhe pesavam os compromissos e dificuldades.
Exercitava
a aceitação dinâmica de quem ama o que faz pelo próximo, porque o próximo ama.
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